Homilia - Dia Mundial das Missões e Ordenação de Diácono

Homilia - Dia Mundial das Missões e Ordenação de Diácono

Homilia de D. Manuel Felício no Dia Mundial das Missões – Ordenação do Diácono Daniel Lopes Barroso

 

Irmãos e irmãs em Nosso Senhor Jesus Cristo

 

1. Damos abundantes e jubilosas graças a Deus, porque Ele nos visita, mais uma vez, para oferecer a esta nossa Diocese, na pessoa do Daniel Lopes Barroso, mais um diácono a caminho da Ordenação Sacerdotal.

Nesta alegria, saúdo todos os presentes, a começar pelos Reverendos Sacerdotes concelebrantes e Diáconos, Reitor do nosso Seminário, Seminaristas e Pré-Seminaristas da nossa Diocese, mas também daquelas outras dioceses que connosco têm o mesmo Seminário Maior interdiocesano.

Saúdo o Daniel, seus pais e restantes familiares, saúdo todos os participantes nesta bela assembleia celebrante.

 

Hoje celebramos também a data do aniversário da dedicação desta nossa Catedral. E, como sabemos, cada catedral é sempre o grande símbolo de uma diocese, remetendo-nos para a história de Fé vivida, geralmente secular, como acontece neste caso; mas sobretudo é símbolo apelativo para que todas as nossas  comunidades cristãs sejam sempre e cada vez mais habitação de Deus.

 

Celebramos também hoje o dia mundial das missões, neste penúltimo domingo do mês de outubro, quando, em Roma, está na sua recta final, o Sínodo Ordinário dos Bispos sobre os jovens, a Fé e o discernimento vocacional. Certamente por isso, o Papa Francisco escolheu para assunto da mensagem que dirige a todo o Povo de Deus neste dia o seguinte: “Juntamente com os jovens, levemos o Evangelho a todos”. Com este título, o Papa aponta certamente duas direções. Uma delas, a assembleia geral do Sínodo dos Bispos que decorre em Roma; a outra, o outubro missionário que ele próprio propôs para o próximo ano de 2019.

A Coneferência Episcopal, em sintonia com esta preocupação do Papa, resolveu propor a toda a Igreja em Portugal que o ano pastoral 2018-19 seja todo ele um ano missionário preparatório do outubro missionário/2019. E fê-lo publicando uma nota pastoral que nos aproxima das preocupações do Papa, ao dar-lhe este título – “Todos, tudo e sempre em missão”.

O ano missionário, na nossa Diocese, começa hoje, depois de uma vigília de oração realizada ontem.

 

2. Escutámos a Palavra de Deus que começa por nos falar da importância do Templo para o Povo de Deus do Antigo Testamento.

De facto, a construção do templo, levada a cabo pelo Rei Salomão foi um sonho longo, que atravessou a vida do Povo praticamente desde o seu início. A arca da aliança substituiu o templo durante muito tempo, mas não apagou este sonho. Ora, na leitura do livro dos Reis que hoje escutámos. é o próprio Rei Salomão que se dirige ao Senhor em oração. E a primeira novidade que o surpreende é que o Senhor Deus, na sua grandeza e poder infinito, esse Deus que a amplitude do Céu não pode conter, tenha descido para “habitar com os homens na terra”.

A esta admiração surpreendente sucede-se a súplica para que o lugar do templo seja contemplado com a presença de Deus e sobretudo como sendo o lugar a partir do qual todo o Povo se pode dirigir ao Senhor sempre confiado na sua abundante misericórdia e no perdão.

 

O Evangelho de S. João, no diálogo de Jesus com  a Samaritana junto ao Poço de Jacob que escutámos, interroga-nos sobre a maior ou menor importância dos espaços físicos, como o templo de Jerusalém ou simplesmente as nossas Igrejas, para a relação com Deus. E a resposta continua a ser surpreendente, ao dizer-nos que os verdadeiros adoradores não estão dependentes dos lugares físicos, porque a verdadeira adoração é em espírito e verdade.

De facto, muito mais importante do que o templo e as Igrejas, incluindo esta nossa catedral que hoje celebra o aniversário da sua dedicação é a comunidade reunida, da qual todos nós, enquanto baptizados, somos as pedras vivas, constituindo, de facto, a verdadeira construção espiritual bem apoiada sobre o alicerce dos apóstolos e que tem o próprio Jesus como pedra fundamental e é a verdadeira morada de Deus entre nós,

 

Ao celebrarmos o aniversário da dedicação da nossa Cate­dral, vivendo a esperança que nos vem da celebração desta Ordenação, desejamos escutar de novo o apelo do Espírito Santo, que a todos nos chama para a tarefa de construtores da verdadeira Igreja de Cristo, o que pede contínua renovação das nossas comunidades da Fé na fidelidade às orientações do próprio Espírito. Queremos, assim, ser, cada vez mais, enquanto guiados pelo Espírito uma Igreja em permanente renovação.

 

3. Daniel, vem daí com muita esperança e renovado entusiasmo, pois espera-te esta nossa Igreja diocesana, empenhada em se renovar na fidelidade às orientações do Espírito Santo.

E a esse propósito, lembro agora o que a Igreja te pede, no dia da tua Ordenação de Diácono.

Pede-te, em primeiro lugar, que te empenhes no anúncio da Palavra, como também no serviço do altar e da caridade.

De facto, faz parte do ministério ordenado que hoje te é confiado pela imposição das minhas mãos, a responsabilidade de formar e exortar na doutrina sagrada os crentes, mas também os não crentes; o mandato para celebrar o Baptismo, presidir ao matrimónio e abençoá-lo, levar o Viático aos moribundos e presidir ao rito das exéquias.

É-te igualmente pedido que, com a ajuda de Deus, o teu comportamento seja tal que sempre nele se espelhe o verdadeiro discípulo de Cristo, que não veio para ser servido, mas para servir até ao extremo de dar a vida por todos nós. E como sabes que ninguém pode servir a dois senhores, considera toda  a impureza e apego ao dinheiro como idolatria que temos a obrigação de erradicar das nossas vidas.

A tua escolha de viveres em celibato ao serviço do reino de Deus, seja ao mesmo tempo sinal e estímulo da caridade pastoral e fonte de fecundidade para o mundo em que vivemos.

Que possas mostrar sempre com o teu comportamento a Palavra de Deus que és enviado a pregar com os teus lábios para edificação de todo o Povo de Deus.

 

Daniel, são estas algumas das responsabilidades inerentes ao ministério ordenado que a Igreja te lembra, no dia de hoje e ao mesmo tempo te promete o seu apoio para que as possas levar a bom termo.

 

A terminar, todos pedimos para ti a especial graça de Deus, por intercessão de Nossa Senhora, padroeira desta nossa Catedral para que saibas levar sempre até ao fim os bons propósitos que diante todos hoje nos manifestas.

 

+Manuel R. Felício, Bispo da Guarda