14 anos ao serviço da Diocese da Guarda

14 anos ao serviço da Diocese da Guarda

14 anos ao serviço da Diocese da Guarda

No Ministério Episcopal

 

Cumprem-se hoje catorze anos sobre o dia em que dei entrada nesta nossa Diocese da Guarda, nomeado Bis­po Coadjutor do Sr. D. António dos Santos pelo então Papa e agora São João Paulo II.

Era domingo, um dia muito frio, como frios foram todos os dias que se lhe seguiram, em que pratica­men­te sempre saí e entrei em casa com temperaturas muito negativas. Mas esse frio era largamente com­pensado pelo calor humano e de Fé que se sentia mas pessoas em geral e em particular nos Sacerdotes do nosso Presbitério que me acolheram.

Hoje pretendo fazer, diante da Diocese, um balanço do último ano aqui vivido, desde o dia 16 de janeiro passado.

 

Assim, todo o ano de 2018 foi marcado pelo esforço conjunto de fazer recepção da nossa Assembleia Dio­ce­sa­na, que se realizou a meio do ano de 2017. Pretendemos, com esse esforço, levar ao conheci­mento de toda a nossa Diocese as proposições aprovadas nessa Assembleia e, em jeito de caminhada sinodal, identificar, o melhor pos­sível, quais as prioridades a ter em conta na apli­cação dessas proposições.

Para cumprirmos esse propósito, ao longo do ano, contactei com cada um dos nossos sacerdotes, presidi à celebração da Eucaristia concelebrada por cada um deles, no espaço da sua acção pastoral e também me encontrei com a sua equipa de colaboradores pasto­rais.

Trouxe comigo importantes registos de dados colhidos nestes encontros.

Por sua vez, em cada arciprestado, reuni com o res­pec­tivo Conselho Pastoral Arciprestal e também com o conjunto dos conselhos pastorais para os assuntos económicos vindos de cada paróquia.

Estes encontros tiveram sempre como referência por um lado as proposições da assembleia diocesana e, por outro, as realidades humanas, sociais e pastorais de cada um dos lugares. Contribuíram, em muito, para de­finir as linhas orientadoras da carta pastoral pro­gra­mática pedida na Assembleia Diocesana.

Essa carta saiu com o título de “Guiados pelo Espírito, Igreja em renovação” e foi apresentada na Sé da Gu­ar­da aquando do dia da Igreja Diocesana, em 2 de ju­nho passado.

Pretendeu esta carta, assinada pelo Bispo Diocesano definir as linhas orientadoras que deverão integrar os diferentes programas pastorais anuais dos próximos tempos.

Sendo assim, para o programa pastoral do ano em curso escolhemos dois pontos indiciados nessa carta, a saber: apostar na formação de formadores, princi­pal­mente os nossos catequistas da catequese da Infância e Adolescência e também motivar os fiéis e as comunidades para a consciência da responsabi­lidade missionaria.

Desta forma, sintonizamos também com duas preocu­pações da Igreja em Portugal que são as seguintes: reforçar a formação dos catequistas e viver o ano mis­sionário declarado pela Conferência Episcopal prepa­ra­tório do especial outubro missionário decidido pelo Papa Francisco.

Na tentativa de dar cumprimento a este programa pas­toral, até agora, o Departamento Diocesano da Ca­te­quese da Infância e Adolescência e o Bispo Dioce­sano fizemos encontros por arciprestados com o respectivo clero e depois com os seus cate­quistas. Neste momento só falta fazer, num dos arciprestados, o encontro com os respectivos catequistas.

Tenho de considerar este percurso muito positivo, com muitos catequistas desejosos de progredir na sua formação e reforçar a qualidade do serviço que prestam. Foi sublinhado, em todos esses encontros, quer com os sacerdotes e diáconos quer com os catequistas que a notável rede de catequistas que temos, por graça de Deus, instalada por toda a Diocese pode ser um dos melhores instrumentos que devemos saber aproveitar para renovação das nossas comunidades. E saiu também reforçado o desejo de que que isso aconteça com o melhor empenho quer dos sacerdotes e diáconos, quer dos catequistas. Foram feitas importantes sugestões sobretudo para o acompanhamento e formação contínua dos mesmos catequis­tas e também para aplicar o programa de formação aprovado pela Conferência Episcopal.

 

Uma outra preocupação que nos acompanhou, ao longo de todo este ano foi dar cumprimento ao pedido feito na nossa assembleia diocesana para nos envol­ver­mos numa justa reorganização pastoral de toda a Diocese. A pedido da mesma Assembleia Diocesana, foi nomeada uma comissão para esse efeito que se espera a todo o momento possa apresentar os dados da sua reflexão e propostas. A etapa seguinte será, tanto quanto possível em caminhada sinodal, levar esta proposta à apreciação das diferentes instâncias de aconselhamento e decisão da Diocese para que opor­tunamente possam ser dadas orientações chan­ce­ladas pelo Bispo Diocesano sobre esta matéria.

 

Do conjunto dos eventos pastorais que tiveram lugar ao longo deste ano, desatacam-se os seguintes.

 

1.No dia 17 de junho, vivemos o acontecimento espe­cial­mente marcante para toda a nossa Diocese que foi a Ordenação Episcopal de D. António Luciano, agora Bispo de Viseu.

 

2.Em outubro, coincidindo com a solenidade do ani­versário da dedicação da nossa Catedral, foi ordenado o diácono Daniel, que esperamos, por graça de Deus, seja ordenado Sacerdote ainda durante o ano em curso.

 

3, No nosso Mosteiro do Carmelo da Santíssima Trin­dade, celebrou a sua solene profissão religiosa a Irmã Ana Francisca, que podemos considerar a primícia vinda da nossa Diocese para esta Ordem Religiosa contemplativa, fundada entre nós no ano de 1994.

 

4.Também nos despedimos do Sr. D. António dos Santos, que o Senhor entendeu por bem chamar a si no dia 26 de março passado. A Diocese fica-lhe profundamente agradecida e garante-lhe a sua oração de sufrágio.

 

5.Em sintonia com o Sínodo dos Bispos sobre os jovens, a Fé e o discernimento vocacional, que se realizou em outubro passado, as jornadas de formação permanente do nosso clero foram, este ano, sobre o acompanhamento pastoral dos jovens.

 

6.Pessoalmente, acompanhei, durante seis dias, em Taizé, em agosto passado, um grupo de jovens alunos que frequentam as aulas de educação moral e religiosa católica na nossa Diocese, com alguns dos seus professores.

 

7.Também a denominada “Missão País” esteve entre nós, em dois lugares diferentes, durante este ano. Trata-se de grupos de jovens universitários que dedicam pelo menos parte das suas férias para irem em missão, e vieram  até aos nossos meios, trazendo consigo o testemunho da Fé e do serviço à comuni­dade, particularmente aos jovens. E ao longo do ano em curso está previsto recebermos mais três conjun­tos destes jovens universitários.

 

8.Em meados de novembro, durante uma semana, os institutos missionários ad gentes (IMAG) fizeram a sua assembleia geral na nossa Diocese, mais própria­mente em Gouveia, no Seminário dos Missionários de S. João Baptista. Registe-se que este evento se deu em pelo ano missionário preparatório do especial outu­bro missionário de 2019.

 

Continuam a ser preocupações minhas e de toda a nossa Diocese, entre outras as seguintes:

 

1.Cuidar o melhor possível o nosso Seminário e a pastoral das vocações sacerdotais, pois de outro modo a saúde das nossas comunidades necessaria­mente tem de se ressentir. Sem sacerdotes verdadei­ra­mente empenhados em servir o Povo de Deus segun­do o Coração de Cristo, não pode haver autên­tico crescimento na vida da Fé.

 

2.Continuar a criar todas as condições para que os nossos sacerdotes possam responder às necessidades verdadeiras dos fiéis e das comunidades da Diocese, quer pela formação teológico-pastoral, quer pela vida espiritual, quer também pelo aprofundamento da cooperação entre eles, progredindo no espírito de vida em Presbitério. Os sacerdotes da nossa Diocese que participámos no último simpósio do clero reali­zado em Fátima, nos primeiros dias de setembro, trouxemos motivação para progredir neste caminho de vida em presbitério.

 

3.O serviço dos nossos diáconos permanentes é outra realidade pastoral relativamente nova que precisa­mos de continuar a optimizar para que aos fiéis e às comunidades não falte a ajuda e o acompanhamento de que precisam. O novo grupo de candidatos ao dia­co­nado, em formação, é importante razão de espe­rança.

 

4.Desejando fazer da nossa vida diocesana cada vez mais uma caminhada sinodal, sentimos a obrigação de valorizar cada dia mais os órgãos de participação, aconselhamento e decisão, como são os conselhos pastorais diocesano, arciprestal e paroquial ou inter-paroquial e ainda os grupos de colaboradores pastorais de cada pároco.

 

5.Queremos empenhar-nos para que os diferentes serviços diocesanos, a começar pelos secretariados da acção pastoral sejam devidamente operativos no apoio à pastoral paroquial e inter-paroquial e senti­mos também necessidade de que os movimentos apostólicos que já temos procurem rever a sua acção e programas para se ajustarem da melhor maneira ao que exigem os novos tempos. Queremos também discernir quais os novos movimentos de acção pastoral que nos estão a fazer falta e empenharmo-nos na sua criação.

 

6. Finalmente não posso deixar de referir outra preocupação que é a gestão do nosso património para serviço da acção pastoral. Hoje estamos a sentir dificuldades acrescidas sobretudo quando se trata de procurarmos novas finalidades para património, geralmente muito valioso, que recebemos do passado e que foi pensado e utilizado para finalidades que hoje já não se justificam.

 

Rezamos para sermos mais, ao longo do ano que temos à nossa frente, “guiados pelo Espírito, Igreja em renovação”, como propõe a carta pastoral apre­sentada à Diocese no passado dia da Igreja Diocesana

 

Guarda, 16.1.2019

 

+Manuel R. Felício, Bispo da Guarda