
Domingo da Palavra de Deus
O Papa Francisco instituiu o III Domingo do tempo Comum, que este ano coincide com o dia 26 de janeiro, como o Domingo da Palavra de Deus.
E dá orientações para a sua celebração na carta apostólica sob forma de “motu próprio” datada de 30 de setembro passado com o título “Apparuit illis”.
Depois de sublinhar a relação existente entre o Ressuscitado, a Comunidade Crente e a Sagrada Escritura, determina que o III Domingo do Tempo Comum seja dedicado à “celebração, reflexão e divulgação da Palavra de Deus”. Lembra a valência ecuménica e o diálogo com os judeus que a Bíblia potencia e convida a que a homilia deste domingo ponha em destaque a importância da Palavra de Deus e os serviços que lhe estão ligados, como são o ministério do Leitor ou o serviço do Catequista, mas também apele a cada um e a cada grupo para fazerem na vida diária a leitura da Palavra, com o aprofundamento e a oração característicos do método da “Lectio Divina”.
Importa dar relevo à íntima relação que existe entre Palavra de Deus e Eucaristia. De facto, ao lado do altar e com a mesma dignidade está o ambão, onde se proclama a Palavra. Estas são as duas formas principais de presença real de Cristo no meio dos seus.
A passagem da II Timóteo 3, 16, onde o apóstolo remete para a certeza de que toda a Escritura é inspirada, também é invocada como garantia de que o Espírito Santo continua a sua acção na vida dos fiéis e das comunidades para o acolhimento da mesma Palavra. Esta acção do Espírito, continuando o impulso da inspiração inicial, realiza de facto na atualidade uma peculiar forma de inspiração, que costumamos chamar de assistência, quando a Igreja ensina a Escritura, sobretudo através do seu Magistério, ou mesmo quando cada crente a procura compreender e aceitar como norma da sua vida.
O exemplo de Maria Santíssima, de facto a primeira bem-aventurada entre aqueles que escutam a Palavra de Deus e a põem em prática, nos ajude a colocar a mesma Palavra no centro da nossa vida e da vida das nossas comunidades. E por isso, como recomenda o Papa Francisco, procuremos que o Domingo da Palavra não seja “uma vez no ano, mas uma vez por todo o ano”.
14.1.2020
+Manuel R. Felício, Bispo da Guarda