Dedicação da Catedral 2020 - Homilia de D. Manuel Felício

Diocese da Guarda

Dedicação da Catedral: 22.10.2020

Homilia

 

Celebramos o aniversário da Dedicação da nossa Catedral. Mais do que um monumento com história e com arte, digno de ser visitado e apreciado, a Catedral é o grande símbolo da unidade da Igreja Diocesana. Desta cátedra, e por isso se chama catedral, devem partir as orientações, para todas as comunidades da Diocese, como também aqui devem chegar as múltiplas vozes que, por moção do Espírito  Santo, nos vão apontando indicadores dos caminhos da fé que havemos de saber percorrer.

Celebramos esta solenidade da  Dedicação da nossa Catedral num momento de grandes preocupações com a reorganização pastoral da Diocese, em que todos estamos empenhados. Já temos os novos arciprestados, os sete que substituem o anterior número de quinze. Já temos definidas as orientações para os novos serviços diocesanos de pastoral, que hão-de ajudar as paróquias, os grupos de paróquias, os arciprestados e também os distintos movimentos apostólicos, a desenvolverem ação concentrada ao serviço da evangelização e da missão que a todos os batizados está confiada. Estamos agora envolvidos na revisão dos conjuntos de paróquias que hão-de progredir para serem as desejadas unidades pastorais.

Este é um trabalho exigente, pois deve atender às identidades das diferentes terras e comunidades, por um lado, e à necessidade de estimular a sua cooperação mútua e à visão mais alargada da sua inserção na vida da Igreja e da Sociedade. Não é este um trabalho fácil, pois exige sobretudo grande mudança das mentalidades, quer nas pessoas em geral, com sua compreensível ligação à história local e às tradições da terra, quer também nos próprios pastores chamados a desenvolverem atividade pastoral de pendor mais missionário e atentos a espaços mais alargados da sua ação. Acrescente-se ainda a necessidade urgente de que a atuação dos pastores sacerdotes seja devidamente acompanhada e complementada  pelo serviço dos diáconos e também de outos ministérios e serviços eclesiais, incluindo a participação mais ativa de religiosas e outras  vocações de  especial consagração, que, por graça de Deus, temos na Diocese.

 

São estas algumas das  orientações que nos estão  superiormente dadas.

 Desejo, neste momento, e nesta data especialmente significativa para a vida da Diocese, como é a  solenidade aniversária da Dedicação da sua Catedral, dirigir com todos vós uma especial prece ao Senhor para que a todos nos ajude a levar por diante este processo, a fim de virmos a conseguir as desejadas unidades pastorais.

 

Hoje é também um dia em que costumamos dar graças a Deus pelos diáconos permanentes que o Senhor até agora nos concedeu.

É este um serviço que o Concílio Vaticano II quis relançar na vida da Igreja e nós contamos com ele desde há catorze anos. Esperamos que este esforço de reorganização pastoral da Diocese em que estamos empenhados seja também ocasião para inserirmos, com mais eficácia, este ministério ordenado no conjunto dos outros ministérios e serviços que, por graça de Deus, já existem nas nossas comunidades. Sentimos necessidade de valorizar cada vez mais as quatro diaconias que, pelo Sacramento da Ordem no primeiro grau, lhes estão conferidas, a saber, a diaconia da Caridade, a diaconia da Palavra, a diaconia no serviço da Liturgia e também a diaconia no âmbito da administração.

Agradecemos este grande dom de Deus também à nossa Diocese e fazemos uma prece especial para que o Senhor nos ajude a administrá-lo da melhor maneira.

 

As leituras bíblicas que acabamos de escutar começam por nos propor a importância da Palavra de Deus na vida das comunidades. As nossas comunidades, como cada um dos batizados, têm de saber viver cada vez mais da Palavra de Deus. A meditação da Palavra, na “lectio divina” ou de outras formas, tem de ser o grande alimento da nossa vida. A Palavra proclamada em cada domingo precisamos que seja cada vez mais a grande referência das nossas vidas. Para isso havemos de saber lê-la atentamente nas nossas casas e nas nossas famílias, partilhá-la em grupos específicos, de tal maneira que ela seja o grande critério das nossas decisões e dos nossos comportamentos. Como escutámos na primeira leitura, de Neemias, o Povo de Deus sentiu-se convocado pela Palavra do Senhor e depois deixou-se transformar por ela. O mesmo há-de acontecer connosco.

E somos convocados para, como nos lembra S. Paulo na Carta aos Efésios, construirmos esse edifício espiritual em que nós somos pedras vivas e o próprio Cristo é a pedra fundamental.

 

E como nos propõe hoje o Evangelho, Ele é a pedra fundamental sobre a qual está edificada a Igreja e Pedro é a expressão visível dessa mesma pedra fundamental, por mandato do próprio Cristo.

De facto, a profissão de Fé de Pedro descrita no Evangelho é já em si mesma um dom do alto.

E é com base nessa Fé que Jesus lhe confia o encargo de presidir e orientar a Sua Igreja, com as palavras bem incisivas – “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja.”

É por isso que toda a Igreja é apostólica, porque fundada no testemunho e no ensino dos apóstolos.

E hoje continua com o encargo de viver, testemunhar e anunciar o mesmo ensino dos Apóstolos, que tem garantias de fidelidade ao Ensino de Cristo e ao Seu Evangelho.

Neste dia e nesta solenidade aniversária da dedicação da nossa Catedral, dirigimos uma oração especial ao Senhor para que cubra com a Sua bênção toda a nossa Diocese, as suas comunidades, os serviços que lhes dão vida e também a renovada relação entre elas que estamos postados em promover, dentro da reorganização pastoral que nos é proposta.

Que o Senhor nos abençoe e nos acompanhe.

 

+Manuel da Rocha Felício, Bispo da Guarda