
Para viver a Quaresma
A nossa Quaresma começa, quando entramos em novo período de emergência, que se prolongará até ao próximo dia 1 de março, segunda-feira da segunda semana da Quaresma.
Portanto, vamos iniciá-la sem possibilidade de realizar celebrações públicas, nas nossas habituais assembleias.
A Quarta-Feira de Cinzas é sempre momento muito especial na nossa vida de Fé, tanto pessoal como comunitária. Este ano, porém, não podemos reunir as pessoas para celebrar o ritual particularmente significativo da imposição das cinzas. Mas desejamos lembrar a todos a grande oportunidade de conversão e renovação que a Quaresma nos traz.
Para nos ajudar a viver bem a Quaresma, dispomos, entre outros, de alguns contributos que nos são próprios e que queremos valorizar.
Um deles é a mensagem para a Quaresma, que já foi publicada na página da Diocese. Nela consta a nossa renúncia quaresmal com duas finalidades – uma delas de solidariedade para com as populações do norte de Moçambique, onde se multiplicam os deslocados e as mortes, tragédia sem solução à vista; a outra é de resposta a casos que nos nossos meios possam surgir devido à pandemia, envolvendo nela as duas instituições especialmente vocacionadas para a caridade organizada, que são entre nós a Caritas e as Conferências Vicentinas.
A dinâmica da Quaresma elaborada pelo Departamento Diocesano da Pastoral Juvenil e Vocacional para ser usada nas assembleias, quando for possível, ou também em contexto familiar, é outra preciosa ajuda que saberemos aproveitar.
Na Quaresma deste ano estaremos voltados, em particular, para a cultura do cuidado insistentemente recomendada pelo Papa Francisco. Ela pede-nos que a relação com as pessoas, longe de ser interrompida pela obrigação do distanciamento físico, seja mantida e mesmo reforçada, procurando envolver nela o maior número de pessoas, a começar por aquelas mais diretamente envolvidas nos nossos serviços paroquiais.
Sendo a Quaresma tempo especial de oração, é muito desejável que as nossas Igrejas tenham horários regulares de abertura ao público, quanto possível diários e devidamente afixados. Claro que isso exige presença de alguém responsável que vigie pela ordem e pelo respeito das normas.
Desta vez, também não podemos ter a habitual recoleção da Quaresma para o clero, que coincidia com o próximo dia 22, segunda-feira. Tínhamos para ela prevista uma reflexão sobre a encíclica “Todos Irmãos”, a partir da parábola do Bom Samaritano, que ocupa o segundo capítulo da mesma.
Nesse mesmo dia costumamos lembrar as iniciativas de retiros e outras de formações a desenvolver através da Diocese, durante a Quaresma.
Deixamos à iniciativa de cada um a leitura meditada da encíclica do Papa, que em muito pode motivar a vivência da nossa Quaresma.
O retiro do Episcopado, que estava previsto começar nesse mesmo dia foi igualmente cancelado.
Embora os caminhos mais comuns nos estejam a ser vedados pelos constrangimentos da pandemia, uma coisa é certa e dela não duvidamos – a presença de Deus ao nosso lado está sempre garantida. A nós pertence encontrar n ovos caminhos que nos permitam ser sinal e presença visível do mesmo Deus particularmente junto de quem mais sofre.
Esperando nós que, pelo menos na sua parte final, a Quaresma já possa ser vivida com celebrações públicas, sobretudo nas assembleias dominicais, pedimos a bênção de Deus para toda a nossa Diocese, que confiamos à proteção maternal de Maria Santíssima.
15-2-2021
+Manuel R. Felício, Bispo da Guarda