
Papa Francisco - Oito anos de Pontificado
Estamos todos a recordar a figura do Papa Francisco, depois de eleito, diante da multidão que o aguardava o novo Papa, na Praça de S. Pedro.
Antes de abençoar, pediu a bênção e escolheu para se apresentar o título de Bispo de Roma.
Podemos resumir estes oito anos de pontificado em três palavras: proximidade, sinodalidade e dinamismo missionário.
Marcas do seu ministério, para dentro e para fora da Igreja, foram, depois, os convites insistentes para uma Igreja em saída, de portas abertas, voltada para as periferias (geográficas, mas sobretudo existenciais), qual Bom Samaritano que sabe parar, aproximar-se e curar as feridas dos caídos à beira do caminho. Por isso, a expressão “Hospital de Campanha” correu mundo para identificar uma Igreja à qual o Papa pede a revolução da ternura ou simplesmente o milagre da simpatia.
A exortação apostólica “Alegria do Evangelho” (2013) é o seu programa e nela convida toda a Igreja para a missão de evangelizar.
A Família está no centro das suas preocupações apostólicas, com os dois sínodos que lhe dedicou , um ordinário e outro extraordinário (2014 e 2015) e a exortação apostólica “A Alegria do Amor” (2016). Cinco anos volvidos, convida-nos a voltar lá, de novo, para ver como havemos de continuar o esforço de pôr em prática as suas recomendações. Por isso, no próximo dia 19 deste mês, festa de S. José, inicia-se o ano da “Alegria do Amor”.
A proteção de Menores e Vulneráveis foi e continua a ser outro assunto marcante deste pontificado, que, para já, se traduziu na criação da Comissão Pontifícia para a Tutela de Menores e depois, em cada Diocese, nas comissões diocesanas respetivas. A da Diocese da Guarda foi constituída em Maio de 2020. Pelo meio ficam as várias iniciativas do Papa para enfrentar o grave problema da pedofilia, de que se destaca a cimeira do Vaticano com representantes dos episcopados de todo o mundo sobre o assunto, no início do ano de 2019, vindo a seguir o “motu próprio” “Vos estis lux mundi”, sobre procedimentos, nos casos de pedofilia que envolvam membros do clero.
A encíclica “Laudato Si”, publicada a meio de 2015, foi contributo indiscutível para colocar na agenda da Igreja e da própria sociedade a salvaguarda da criação e o cuidado da casa comum que habitamos. A Cimeira de Paris, sobre o clima, no final desse ano, não teria sido a mesma sem a publicação desta encíclica seis meses antes.
Outros acontecimentos, como o Jubileu Extraordinário da Misericórdia (2016), o Dia Mundial dos Pobres, inaugurado no ano de 2017, ou também a figura do Papa sozinho, na Praça de S. Pedro, em oração pelas vítimas da pandemia, na Quaresma de 2020, foram gestos proféticos que impressionaram o mundo.
A mensagem da recente viagem apostólica ao Iraque, como também a recorrente chamada de atenção do mundo para a defesa dos migrantes e refugiados e das vítimas da guerra aí estão para apontar os caminhos de sustentabilidade que temos de seguir.
Os jovens são outra marca importante deste Pontificado. As jornadas mundiais da juventude de Rio de Janeiro, Cracóvia e Panamá tiveram a presença deste Papa; a seguir vem a marcada para Lisboa, no ano de 2023. O nosso Presidente da República trouxe de Roma, a notícia de que o Papa tem intenção de se deslocar, mais uma vez, a Fátima, no contexto da próxima Jornada Mundial da Juventude. Mas foram sobretudo o Sínodo sobre os jovens (2018) e a exortação apostólica que se lhe seguiu (“Cristo Vive”, em 2019) os acontecimentos mais marcantes da sua agenda sobre os jovens.
Damos graças a Deus pela obra notável que o Papa Francisco já realizou, imprimindo na Igreja um novo dinamismo de renovação e dando ao mundo expressivos sinais de esperança. Pedimos para ele as maiores bênçãos de Deus, sabendo nós que a sua liderança é um bem e um carisma que ultrapassam claramente as fronteiras da Igreja e respondem a muitas expetativas dos nossos contemporâneos.
13.3.2021
+Manuel R. Felício, Bispo da Guarda