Carta ao Povo de Deus - Novo Ano Pastoral

Carta ao Povo de Deus

No início do novo ano pastoral

 

Edificar a casa sobre a Rocha (cf. Mt. 7, 21-27)

 

Estimados irmãos e. Irmãs em Cristo:

 

Preparamo-nos para abraçar mais uma oportunidade que Deus nos oferece, convidando-nos a dar novo passo na nossa condição de discípulos de Jesus e, com Ele, estarmos atentos às realidades do mundo e da Igreja que continuam a interpelar a nossa Fé.

Essa oportunidade é o novo ano pastoral que estamos a iniciar.

 

Transportamos connosco do ano passado para este ano o apelo à prática sinodal que nos foi feito pelo Papa Francisco, dentro do novo conceito dos Sínodo dos Bispos, que, de facto, já começou, tendo sido a sua primeira etapa nas Dioceses. Efetivamente, de outubro a maio, procurámos levar a preocupação pela prática sinodal aos vários âmbitos da vida da Diocese e voltando-nos também para o exterior, procurámos identificar as grandes preocupações da sociedade envolvente e as interpelações que esta vai fazendo à Igreja.

Houve um conjunto de resultados desta experiência sinodal que, para além de resumidamente terem chegado à Conferência Episcopal, queremos agora devolver à vida da Diocese, para serem repensados e quanto possível aplicados nos arciprestados, nas paróquias e bem assim em outros âmbitos, como são os serviços eclesiais diocesanos ou os movimentos e obras de apostolado. Pela frente temos o objetivo de continuarmos a aplicar o método sinodal, quanto possível, ao conjunto das atividades pastorais que desenvolvemos e sobretudo aos processos das decisões que precisamos de tomar.

 

Levamos connosco, igualmente, pelo segundo ano consecutivo, a vontade de darmos a devida atenção às nossas famílias, procurando fazer propostas e encontrar caminhos para, nas situações diferenciadas em que cada uma delas se encontra, podermos ajudar a definir caminhos que lhes permitam cumprir a sua nobre missão de prestar o devido serviço ao amor e à vida.

O nosso ponto de partida não é tanto o ideal evangélico e proposto pela Igreja, que não queremos perder de vista, mas sabemos que, em muitos dos seus aspetos, a vida real das famílias tem pela frente longo caminho a percorrer até lá chegar. Procuramos partir, isso sim, das circunstâncias concretas em que cada família vive e, por isso, durante o ano transato, tentámos, através de um conjunto de iniciativas  para o efeito programadas, fazer, com  a maior aproximação possível, a leitura cultural e sociológica das famílias que vivem nos nossos ambientes. Consideramos, por isso, estar agora em melhores condições para, no espírito das propostas que nos faz o Papa Francisco, na exortação apostólica “Amoris Laetitia”, avançarmos com algumas práticas comuns ao conjunto da nossa ação pastoral e, assim,  colocarmos o cuidado das famílias no centro das nossas atenções.

 

Também pelo segundo ano consecutivo temos o nosso Plano Pastoral Diocesano voltado para a pastoral juvenil. E este ano o grande objetivo é, por razões óbvias, a preparação e a vivência da Jornada Mundial da Juventude que encerra, em Lisboa, no dia 6 de agosto. A montante fica não só a motivação dos nossos jovens para participarem na parte final do evento, que, assim o esperamos, por graça de Deus, terá a presença do Papa Francisco, mas também as chamadas “Jornadas nas Dioceses”, que terão lugar na semana anterior.

Também a nossa Diocese quer tomar parte, acolhendo jovens vindos de distintas partes do mundo que desejem passar connosco a semana anterior à concentração em Lisboa.

Todo o processo de preparação e realização da Jornada Mundial da Juventude, que esperamos possa fazer dela um contributo decisivo para relançar a pastoral juvenil nas comunidades paroquiais e outras, conta com os serviços do COD (Comité Organizador Diocesano) da JMJ/23 e do Departamento Diocesano da Pastoral Juvenil, Vocacional e Universitária. Mas vamos contar também com o melhor empenho de cada um dos nossos sete arciprestados e de cada uma das nossas paróquias e unidades pastorais.

E precisamos que isso aconteça, antes de mais, através da oração, depois procurando optimizar os processos de comunicação e informação, para que nenhum dos nossos jovens deixe de ser atempadamente informado sobre a JMJ e as etapas que lá conduzem. E também que não lhes falte a ajuda necessária para superarem as inevitáveis dificuldades que todo o processo necessariamente envolve, incluindo os encargos materiais inerentes.

 

Precisamos que o espírito e a prática sinodais envolvam cada vez mais todos estes procedimentos, sabendo nós que só todos com todos podemos encontrar os melhores caminhos e ajudar-nos mutuamente a percorrê-los para, assim, atingirmos os bons resultados.

 

Entretanto todos sabemos que nestas como em todas as iniciativas, “em vão trabalham os construtores se o Senhor não edificar a casa”. Queremos, por isso, entregar aos cuidados maternais de Nossa Senhora o programa pastoral definido para este ano, durante a Peregrinação Diocesana a Fátima, que vamos retomar nos próximos dias, depois de dois anos de interrupção por causa da pandemia.

 

Desejamos sobretudo que o Simpósio do Clero marcado para os dias 29.8 a 1.9 de 2022, portanto, já durante a próxima semana, em Fátima, seja, de facto, a grande motivação para todos nós sacerdotes procurarmos conduzir da melhor maneira o cumprimento do programa pastoral deste novo ano. O assunto escolhido para o Simpósio – identidade relacional e ministério sinodal do Presbítero – é ele próprio um desafio feito a cada um de nós sacerdotes, chamados a viver o serviço à Igreja em comunhão de Presbitério.

 

Ao Povo de Deus, que vive nas diferentes comunidades paroquiais e outras, desejo pedir uma oração especial para que nós sacerdotes saibamos aproveitar  da melhor maneira esta opor­tunidade que nos é oferecida para iniciarmos bem o novo ano pastoral.

 

“Quem escuta as minha palavras e as põe em prática é como o homem prudente que edificou  a sua casa sobre a rocha...Mas aquele que ouve as minhas palavras e não as põe em prática é como o imprudente, que edificou a sua casa sobre a areia” (Mt. 7, 21.26).

Nós queremos construir sobre rocha firme e essa rocha é a Pessoa de Jesus, de quem depende a consistência e a segurança de tudo o que nós possamos realizar.

Por isso, a Ele entregamos toda a nossa vida, ao iniciarmos o novo ano pastoral.

 

Guarda, 22 de agosto de 2022, Festa de Nossa Senhora Rainha

 

+Manuel da Rocha Felício, Bispo da Guarda