Comunicado - afastamento temporário de sacerdote

Comunicado 

Abusos de crianças na Igreja Católica em Portugal

No passado dia 03 do corrente mês de março, a Comissão Independente entregou a lista final dos nomes da Diocese da Guarda sinalizados no estudo que a mesma fez sobre abusos de crianças na Igreja Católica em Portugal, ao longo dos últimos 70 anos e cujo relatório foi apresentado em 13 de fevereiro último.

Dessa lista, entregue ao Bispo da Guarda, constam dois nomes.

Um deles é de um sacerdote que morreu em 1980, sendo, por isso,  de todo impossível fazer ainda mais sérias e justas diligências de investigação; no entanto, manifestamos o nosso firme propósito de dar todo o apoio a qualquer vítima que pudermos identificar; o outro nome apresentado teve já uma denúncia anónima, que foi pelo Bispo da Guarda  comunicada ao Ministério Público, em setembro passado, com apresentação do envelope sem remetente nem endereço que foi deixado na Casa Episcopal da Guarda, com a referida acusação anónima no seu interior, onde também só constava o nome do acusado e as suas funções.

Após a entrega da lista com os dois nomes pela Comissão Independente, o Bispo Diocesano solicitou à mesma Comissão informação complementar a respeito deste segundo nome, tendo chegado hoje mesmo essa informação por nós solicitada. 

Os novos dados que hoje nos chegaram permitem-nos ter os elementos necessários para fazer o processo canónico de investi­ga­ção prévia, que enviaremos ao Dicastério da Doutrina da Fé e comunicaremos esta mesma informação complementar ao Ministério Público, sempre sob segredo de justiça.

Por razões cautelares, enquanto se desenrola o processo de investigação prévia, o sacerdote em causa fica temporariamente afastado das suas atividades pastorais, sem que isto possa ser entendido como uma assunção de culpa ou prejudique, de alguma forma, o direito à presunção de inocência.

Manifestamos, mais uma vez, o nosso especial empenho em colaborar com as entidades civis no apuramento de toda a verdade, com a máxima celeridade possível.

Assumimos o compromisso sério da Igreja em Portugal para erradicar os abusos sexuais de crianças e jovens, porque isto é algo não só devastador para as vítimas, mas também completamente contraditório com aquilo que a Igreja é, com aquilo que é o seu papel e daquilo que ela pretende fazer.

Guarda, 09 de março de 2023

Gabinete Episcopal de Comunicação e Relações-Públicas