A Semana da Vida ensombrada pela lei da eutanásia

A Semana da Vida ensombrada pela lei da eutanásia

 

Celebrámos a Semana da Vida, que terminou no domingo passado.

E durante ela assinalámos o dia internacional da Família, que, por determinação da Assembleia Geral das Nações Unidas, é sempre no dia 15 de maio, desde o ano de 1994.

Desta vez, vivemos esta Semana reconhecendo que a vida ficou mais desprotegida, em Portugal, depois da aprovação da lei da eutanásia, na Assembleia da República e sua consequente promulgação pela Presidência da República.

De facto, a aprovação desta lei representa um passo atrás na promoção da dignidade humana, com a defesa dos direitos fundamentais de cada pessoa, seja qual for a situação em que se encontre. E representa também um claro desrespeito pela Constituição da República Portuguesa, onde se afirma que o direito à vida é inviolável.

Então, agora que fazer?

Porque a vida em Portuga passou a estar menos protegida pela lei, isso mais nos obriga a trabalhar para que este direito  continue a ser devidamente exercido e respeitado. Por isso, não desistimos de ocupar a linha da frente na defesa da vida, mesmo em situações mais extremas de desconforto.

De facto, todos sabemos que a vida não é sempre um mar de rosas nem uma qualquer passadeira vermelha por onde passear apenas os êxitos conseguidos. A vida implica também e sempre contrarie­dades. E algumas delas, quando encontram a pessoa sozinha, em situação de qualquer forma de abandono, podem levar a extremos de desânimo, que só a presença solidária e gratuita dos mais próximos podem fazer superar.

Infelizmente não é isso que, muitas vezes, se diz e explica às gerações mais novas, pois com frequência se lhes transmite a mensagem de que a vida é, na verdade e sempre, um caminho de rosas, sem dificuldades, onde tudo vai correr bem.

Mas, quando começam a experimentá-la, no exercício das respon­sabilidades, verificam que a realidade não é bem assim, o que pode neles gerar desilusão e o ceder à tentação de desistir.

De facto, a vida também inclui sempre muitas contradições e dificuldades. Nem sempre tudo corre bem e às vezes corre mal. Mas isso não põe em causa o valor incondicional da vida, que nos é dada para vivermos sempre à conquista da felicidade para nós e para os outros.

Sendo assim e, agora, sem a proteção da lei, temos pela frente a responsabilidade acrescida e o trabalho mais exigente de sermos, sempre e em todas as circunstâncias, verdadeiros cuidadores da vida uns dos outros.

E ai de nós se não formos capazes de exercer este cuidado.

 

22.5.2023

 

+Manuel da Rocha Felício, Bispo da Guarda