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19 anos de Episcopado na Diocese da Guarda

Dia 16.1.2024

O sábado é para o homem e não o homem para o sábado, escutámos nós, no Evangelho. Isto porque só há um Senhor de tudo, que é Jesus; para Ele as pessoas estão sempre em primeiro lugar; e a nossa missão é fazer com que o mesmo continue a acontecer, nos tempos que correm.

Irmãs e irmãos, reunimo-nos em celebração da Eucaristia, neste dia 16 de janeiro dando continuidade à tradição de passar em revista o último ano de ministério episcopal nesta nossa Diocese da Guarda.

E começamos por dar graças a Deus pelo muito bem que Ele realizou através de nós. Mas também reconhecemos as nossas muitas limitações e erros.

Este foi o ano da Jornada Mundial da Juventude e também do esforço para responder ao apelo do Papa Francisco sobre a caminhada sinodal, principalmente com a realização da primeira sessão do Sínodo sobre a sinodalidade.

Quanto à JMJ, na nossa memória, perdura o percurso que juntos fizemos para a sua preparação imediata, sobretudo com as vigílias e outros momentos de oração ligados à iniciativa mensal dos “2 ou 3 a 23”.

Começamos por lembrar as jornadas na Diocese, em que recebemos, na última semana de julho, largas centenas de jovens vindos de muitos países do mundo para estarem connosco, durante uma semana. Damos especiais graças pelas famílias de acolhimento que os receberam em suas casas e também pelas distintas instituições e serviços públicos e privados, a começar pelas autarquias, que tudo fizeram para nada lhes faltar e levarem de nós as melhores recordações. Ficámos marcados pela riqueza do seu testemunho de Fé e de entusiasmada esperança; e lembramos, em particular, aquele seu encerramento, que decorreu na Torre da Serra da Estrela, o ponto mais alto, que também já tinha sido o lugar de referência na passagem da Cruz das jornadas, um ano antes.

Rumámos a Lisboa, com um grupo de mais de três centenas para estarmos com o Papa Francisco, de 1 a 6 de agosto. Foram dias de graça que ocuparão sempre lugar à parte na nossa memória e sobretudo nos continuam a motivar para seguir em frente no compromisso com os nossos jovens. Os discursos do Papa, sempre curtos e diretos aos assuntos, continuam a incentivar-nos na caminhada que temos pela frente.

No domingo imediato, 13 de agosto, quisemos, na nossa Sé, em comunhão com toda a Diocese, celebrar Eucaristia de ação de graças por esse acontecimento altamente marcante da vida da Igreja em Portugal e da própria sociedade civil, no seu todo.

Vivemos também um ano de especial significado para a caminhada sinodal de toda a Igreja. Realizou-se a primeira sessão do Sínodo sobre a sinodalidade durante todo o mês de outubro, em Roma. E em toda a nossa Diocese da Guarda, com o precioso contributo da Comissão Sinodal Diocesana, procurámos promover e alimentar o empenho de todas as comunidades e serviços para, por um lado, estarem atentos ao que de novo fosse surgindo e, por outro, fazerem a sua devida aplicação, incluindo tendo em conta o primeiro esforço já anteriormente feito, que, através de relatório próprio, entrou na preparação deste Sínodo.

A jornada diocesana de formação sobre a sinodaliade, que realizámos no dia 1 de dezembro, orientada por um dos peritos do sínodo, acabado de regressar de Roma, foi momento importante da nossa caminhada diocesana, mas também o foram e continuam a ser as propostas do programa pastoral diocesano do corrente ano essencialmente orientadas para o exercício imediato e simples da caminhada sinodal, que envolve sempre tempos de diálogo conjugados com o silêncio e a oração. O que está em causa é a escuta do Espírito Santo mediada pela nossa escuta mútua. Em concreto temos de aprender a escutar-nos uns aos outros para ouvirmos o que Deus nos quer dizer.

Compreendemos, assim, que a prática da sinodalidade constitui o cerne da vida da Igreja e da nossa construção pessoal enquanto seus membros.

Não podemos deixar de lembrar, neste momento de revisão, o esforço que a Igreja em Portugal fez para identificar erros e abusos praticados no seu seio e procurar as formas mais ajustadas de os erradicar. A chamada Comissão Independente, cujo presidente foi nomeado pela Conferência Episcopal e por ela financiada, em 13 de fevereiro, publicou o seu relatório, que, depois, a mesma Conferência Episcopal trabalhou, com o objetivo de fazer da Igreja em Portugal, no conjunto das suas comunidades e serviços, lugares cada vez mais seguros e com garantias de plena confiança, para as pessoas em geral.

O trabalho das Comissões Diocesanas de Proteção de Menores e Vulneráveis, com a sua Coordenação Nacional e o apoio momentâneo do chamado grupo Vita, são o rosto visível desta louvável preocupação e do esforço que continua a ser feito para a efetivar. Estamos perante uma iniciativa da Igreja em Portugal que a todos nos dignifica.

Não consta que nenhuma outra instituição em Portugal, pública ou privada, ou mesmo a sociedade civil como tal tenham tomado igual ou semelhante iniciativa. É de registar que a Assembleia da República tenha reconhecido o mérito deste esforço que a Igreja fez e tenha admitido a necessidade de estender ao conjunto da sociedade e suas instituições o mesmo escrutínio.

Claro que tocar em assuntos melindrosos como este dos erros e abusos, dentro de um horizonte temporal que envolveu mais de 70 anos, é sempre doloroso. Mas a dor, quando acontece para reajustar comportamentos, temos de a aceitar e mesmo sublimar, o que continuaremos a tentar fazer.

De entre os eventos diocesanos ocorridos desde há um ano a esta parte destacamos os seguintes.

Em janeiro, dia 28, foi o lançamento da campanha para a construção do órgão de tubos da Sé. Aconteceu em sessão solene realizada na espaço da mesma Sé, com a presença e a palavra do Sr. Presidente da Câmara, que, assim, se associou ao projeto.

Em fevereiro, a nossa comissão de proteção de menores e vulneráveis, atenta ao relatório apresentado pela comissão independente, continuou a seu trabalho de atender às diferentes situações e de desencadear as iniciativas necessárias para tornar as instituições diocesanas e seus serviços cada vez mais seguros e merecedores da confiança das pessoas em geral.

A Livraria Veritas e o Secretariado Nacional da Educação Cristã regularizaram situação que estava pendente desde há mais de uma década e, por sua vez, a mesma Veritas, com apoio do economato diocesano, iniciou o percurso da requalificação das suas instalações, para garantir a sustentabilidade própria também da Diocese.

O mês de março, especialmente voltado para os programas quaresmais, teve, no dia 24, o Forum dos Caminhos de Santiago, na Covilhã.

O mês de abril ficou marcado pela vinda de um eremita para a Diocese da Guarda, holandês, encontrando-se presentemente instalado no Vale do Mondego.

No mês de maio (dia 8), em reunião realizada na Guarda, os Bispos do Centro tomaram a decisão de programar conjuntamente a formação do clero das suas 6 dioceses. Esta decisão vai ser cumprida já no final do corrente mês de janeiro, em Fátima.

Damos graças a Deus pela Ordenação do diácono permanente Vítor Fernandes, na Igreja Matriz de Penamacor (dia 14) .

Também se deram passos no processo de beatificação/cano-nização do Venerável Servo de Deus D. João de Oliveira Matos, com apresentação, no Dicastério das causas dos Santos, em Roma, do novo postulador (dias 17 e 18).

No mês de junho, destacamos as jornadas diocesanas de formação da pastoral social, que tiveram a participação presencial do Presidente da CNIS, Padre Lino Maia (dia 14).

No mês de julho, (dia 2), tivemos a graça da Ordenação de um novo sacerdote para o nosso Presbitério, o Padre João Pedro (dia 2).

Em Agosto, depois dos seus primeiros 6 dias, com o Papa, em Lisboa, realizámos mais uma edição da nossa Peregrinação diocesana anual a Fátima e colocámos aos pés de Maria Santíssima o nosso ano pastoral (dias 29 e 30).

Em setembro, os serviços diocesanos da formação iniciaram os seus programas formativos, com destaque para a Escola Teológica de Leigos e também para formação de catequistas através do atual Departamento da Catequese da Infância e da Adolescência, sobretudo tendo em conta o novo Itinerário da Iniciação Cristã para Crianças e Adolescentes, com as Famílias.

Em outubro, a Covilhã realizou mais uma edição da semana do Bébé, que teve o seu encerramento em Celebração Eucarística de ação de graças, na Igreja da Boidobra (dia 14).

E as Irmãs Servas de Nossa Senhora de Fátima, com comunidade na cidade do Fundão, celebraram o seu centenário, com presença do Bispo da Guarda, em ato comemorativo, que teve lugar na cidade de Santarém (dia 15).

No dia 22, assinalámos a Solenidade aniversária da Dedicação da Catedral, com convite especial dirigido aos nossos sacerdotes e diáconos, assim como aos membros do Conselho Pastoral Diocesano.

O Bispo Diocesano participou ainda, em Ovar (dia 6), no Capítulo Provincial do Instituto Jesus Maria José, que tem comunidade na nossa Diocese, na Paróquia do Dominguiso; e também na abertura do programa celebrativo do centenário da Sociedade Missionária da Boa Nova, em Cucujães (dia 24).

No mês de novembro, destacamos a homenagem prestada ao Sacerdote Missionário Jesuíta Francisco de Pina, natural da cidade da Guarda, com a bênção de um monumento oferecido por uma associação do Vietname e que teve a presença de 25 vietnamitas (dia 26).

O mês de dezembro ficou assinalado pela Ordenação do Diácono Tiago Fonseca (dia 8), que, por graça de Deus, tem planeada a Ordenação Sacerdotal para junho próximo.

Também abriu, na ExpoEcclesia (dia 1), a exposição sobre a Liga dos Servos de Jesus e seu Fundador, que pretende assinalar o centenário da fundação da mesma Liga.

Irmãs e irmãos:

Fazemos agora votos para que o novo ano nos ajude a aprender e pôr em prática a lição que hoje nos vem do processo da escolha do Rei David. Precisamos de ver as coisas e sobretudo as pessoas na sua interioridade, sem nos deixarmos iludir pelas aparências. No caso do rei David, esteve em causa o último, aquele pastorzito esquecido, mas foi esse último que Deus escolheu, através do profeta.

A nós pertence-nos identificar bem as escolhas de Deus para fazermos delas as nossas escolhas.

Por isso, pedimos ao Senhor, através da Sua e nossa Mãe, Maria Santíssima, que nos dê capacidade para ver, por trás da cortina, o Mistério que é Ele próprio, mas também somos nós, nas dimensões que mais nos marcam e identificam.

Numa sociedade que vive do imediato e principalmente do que se vê e pode medir, nós anunciamos o verdadeiro valor das pessoas, que radica na profundidade do seu mistério.

16 de janeiro de 2024