Toda a Quaresma é tempo forte que nos convida a dar lugar a Deus nas nossas vidas de pessoas e em comunidade.
Por iniciativa do Papa Francisco, que vem já desde o início do seu Pontificado, nos dias que antecedem o IV Domingo da Quaresma, domingo este marcado pela nota da alegria, chega-nos a proposta das “24 horas para o Senhor”. Propõe-se uma vigília, com adoração ao Santíssimo Sacramento em solene exposição e o acolhimento por sacerdotes para o Sacramento da Reconciliação. Ao mesmo tempo, a Igreja aberta é também convite às pessoas para entrarem, e fazerem alguns momentos de pausa diante de si próprios e diante de Deus.
A passagem de Rom. 6,4- “caminhar numa vida nova”- é a fonte inspiradora destas 24 horas. Por sua vez, indica-se a carta apostólica do mesmo Papa Francisco Misericordia et misera para alimentar a meditação deste tempo especial. Nela se diz que a misericórdia envolve sempre o encontro de dois corações, o que se compadece (tem pena) diante da miséria e o que acolhe o benefício dessa compaixão.
Pelo meio fica a realidade do perdão, que é de fundamental importância para o equilíbrio das relações humanas.
Hoje falar de perdão parece um assunto fora de moda, porque supõe que há maldade e pecado, o que certas atitudes mais radicais de orgulho não admitem. Como também não se aceita facilmente a necessidade de corrigir comportamentos pessoais. Mais ainda, haverá quem viva de tal maneira angustiado com o mal que praticou e suas consequências na vida dos outros que se julgue impossível de ter perdão.
É verdade que atualmente o sentido da culpa e da responsabilidade quanto ao mal praticado têm tendência diminuir. Isto, quer devido ao sentido de poder e orgulho que existe nas pessoas quer também ao facto preocupante das consciências adormecidas e às vezes mesmo anestesiadas.
A realidade, porém, é o que é.
O mal existe e as suas consequências estão à vista. Só as não vê quem teima em lhe fechar os olhos.
O perdão, por sua vez, é o caminho para desfazer a teia e os constrangimentos que a realidade do mal e a do pecado impõem às pessoas. E quando falamos em perdão, referimos o perdão recebido pelo mal que praticamos, mas também o perdão oferecido àqueles cujo comportamento nos ofendeu.
As 24 horas para o Senhor que, na Guarda, terão lugar das 21H00 de sexta-feira às 21H00 de sábado, na Capela de S. Pedro, pretendem ajudar a que, no espírito da conversão quaresmal, cada um possa aprofundar o caminho da reconciliação.
A porta estará aberta nestas 24 horas, o Santíssimo Sacramento exposto e haverá sempre algum sacerdote para atender de confissão.
3.3.2024
+Manuel da Rocha Felício, Bispo da Guarda