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Acompanhando a viagem apostólica do Papa Francisco ao Oriente

Na Indonésia

O Papa Francisco chegou à Indonésia na terça-feira, dia 3 de setembro e ali permanece até à próxima sexta-feira, dia 6.

A Indonésia é um país com aproximadamente 300 milhões de habitantes, cuja população é maioritariamente muçulmana (cerca de 90%) e a Igreja Católica é minoritária (3%), com 8 milhões de católicos. Esta está organizada em 38 dioceses e um Ordinariato Castrense e é servida por 50 bispos.

Sendo minoritária, a Igreja neste país é considerada uma realidade muito viva e dinâmica, com forte presença e ação na realidade social do país. O próprio governo já reconheceu publicamente os seus bons serviços, sobretudo nos campos das educação e da saúde, com várias escolas e hospitais, que a mesma Igreja criou e administra para serviço da população em geral.

Sendo a Indonésia um país multicultural e com grande diversidade religiosa, pois além da maioria muçulmana, tem cristãos católicos e protestantes, Hindus, budistas, confucionistas, os Bispos indonésios desenharam um percurso pastoral, com o foco em 5 pontos, a saber:

1. Aposta na pastoral missionária, procurando dar resposta ao apelo do Papa Francisco, na “Evangelii Gaudium, para sermos Igreja em saída;
2. Atenção ao multiculturalismo, atendendo à diversidade dos numerosos grupos étnicos espalhados pelas 17 mil ilhas habitadas e com mais de 900 línguas a serem faladas;
3. Valorização do diálogo inter-religiosos;
4. Cuidar o diálogo ecuménico, pois os cristãos, entre católicos e protestantes, representam 10% da população;
5. Pastoral da caridade.

Falar da Igreja na Indonésia é também lembrar os missionários portugueses que ali chegaram no século XVI e, entre eles, S. Francisco Xavier. É certo que os portugueses foram substituídos pelos holandeses, no início do século XVII, os quais ali implantaram o calvinismo. E de tal modo que só no início do século XIX, com a chegada de novos missionários da Igreja Católica, sobretudo franceses e portugueses, esta voltou a ter expressão na Indonésia. Desde 1950, o país temrelações diplomáticas com a Santa Sé.

O Papa Francisco é o 3º Papa que visita a Indonésia. Os dois anteriores foram o Papa Paulo VI, em 1970, a caminho de Manila e em 1989, oPapa João Paulo II.

A Constituição Política do país, por inspiração do Presidente Sukarno (1945), passou a integrar princípios básicos, que de facto ajudam o país a lidar com as grandes diferenças do seu panorama cultural e religioso. Entre esses princípios constitucionais destacam-se:

1. A Fé no Deus único;
2. A humanidade social;
3. A unidade do país;
4. A democracia social;
5. A justiça social.

Sabendo o terreno que estava a pisar, no seu primeiro discurso dirigido aos líderes do país, o Papa Francisco pediu:

1. que se cultive a unidade na diversidade;
2. Respeito mútuo e justiça social, evocando a visita de seu antecessor o Papa João Paulo II, que, em 1989, convidou o país a “respeitar a vida humana e política de todos os cidadãos;
3. E à Igreja Católica na Indonésia, redobrado empenho na construção do bem comum;
4. Fez votos pelo crescimento da unidade nacional, baseada na tolerância e no respeito de uns pelos outros.

Aguarda-se agora com expetativa o encontro inter-religioso de amanhã, na mesquita central de Jacarta, estando prometida para o final do mesmo uma declaração conjunta.

4.9.2024

+ Manuel da Rocha Felício, Bispo da Guarda

Imagem: vatican.va