Na passada quinta-feira, 22 de maio, o espaço ExpoEcclesia, na cidade da Guarda, acolheu a apresentação da mais recente obra do padre Manuel Alberto Pereira de Matos, intitulada “O Purgatório – Fogo do Amor de Cristo”. A sessão reuniu várias dezenas de participantes, entre os quais se destacaram representantes de entidades públicas, nomeadamente da Câmara Municipal da Guarda, paroquianos e amigos do autor.
Com 268 páginas de profunda reflexão teológica, esta obra foi solenemente apresentada por D. José Pereira, Bispo da Diocese da Guarda. Na sua intervenção, o prelado destacou a densidade espiritual e intelectual do livro, sublinhando que este propõe uma mudança de paradigma na compreensão do purgatório: de um “lugar” físico de sofrimento para uma realidade relacional e sacramental — um processo de purificação progressiva no amor trinitário, vivido na relação com Cristo, particularmente na Eucaristia.
“O purgatório, tal como o padre Manuel nos apresenta, não é ausência de Deus, mas plenitude do Seu amor purificador”, referiu D. José Miguel. “É a experiência do fogo do amor divino, que não castiga, mas purifica. Um amor que nos abrasa e nos atrai para a glorificação”.
O livro recorre abundantemente à Sagrada Escritura, à oração litúrgica — especialmente às exéquias — e à tradição espiritual e teológica da Igreja. São citados autores clássicos e contemporâneos como Santo Agostinho, São Tomás de Aquino, Santa Catarina de Génova, Santa Teresa de Ávila, São João da Cruz, Santa Faustina, Hans Urs von Balthasar, Karl Rahner e Olegario González de Cardedal.
Segundo o autor, o purgatório deve ser compreendido como um “adjetivo” — expressão do amor divino que transforma, e não um substantivo que designa um local ou castigo. O momento da morte é, nesta visão, o início do encontro definitivo com Deus: um olhar de misericórdia que purifica e acolhe.
Na sua intervenção, D. José Pereira destacou ainda que “a experiência orante do autor, enraizada na eucaristia celebrada e na adoração eucarística, oferece-nos um caminho de espiritualidade acessível, concreto, e que começa já nesta vida”. A Eucaristia é apresentada como o lugar onde o amor purgante se torna amor adorante, antecipando o céu.
O padre Manuel encerrou a sessão lançando vários desafios teológicos e pastorais que a sua obra suscita, convidando todos a mergulhar neste itinerário de fé que é, antes de mais, fruto da sua própria experiência espiritual.
Fotos: Joana Pereira
Video: GECRP