Mais de 50 Pessoas Participaram na Iniciativa “Peregrinos da Esperança: Desafios e Oportunidades em Ano Jubilar”
No âmbito das XVII Jornadas do Conhecimento, o Arciprestado de Seia-Gouveia realizou este sábado a iniciativa “Escutas no Espírito”, uma metodologia nascida do Sínodo, que reuniu mais de meia centena de participantes.
A sessão foi dinamizada pelo Padre Eduardo Duque, professor da Universidade Católica Portuguesa, em Braga, e membro da Equipa Sinodal da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP). Durante o encontro, os participantes foram desafiados a refletir sobre duas questões centrais, seguindo a metodologia sinodal:
1. O que lhe sugere a imagem de um “Peregrino da Esperança”? Que ideias, sentimentos ou compromissos desperta em si?
2. Como podemos, enquanto comunidade, tornar a esperança visível em ações concretas que combatam o pessimismo e a indiferença crescentes? Que exemplos podemos dar de como a esperança cristã se distingue do mero otimismo ou de uma ilusão?
O Padre Eduardo Duque destacou a importância de traduzir os princípios da sinodalidade em ações concretas, sem receio de arriscar ou falhar. Sublinhou que, para tomarmos as melhores decisões, é essencial o discernimento guiado pelo Espírito Santo, pois, ainda que Deus nos conceda liberdade para escolher, Ele também nos acompanha nas nossas decisões.
Acrescentou que o Sínodo sobre a Sinodalidade nos desafia a olhar para nós próprios e perceber como podemos contribuir para uma Igreja mais próxima das pessoas, uma Igreja que vive e testemunha a fé no mundo atual.
Um Momento Decisivo para a Igreja
Durante os trabalhos de grupo, os participantes destacaram que estamos a viver um momento crucial na história da Igreja. O Sínodo sobre a Sinodalidade abriu um caminho de comunhão, participação e missão, que não termina com a fase de reflexão e discernimento, mas se aprofunda agora na sua concretização.
Neste percurso, sem perder de vista a escuta e o discernimento eclesial, o Ano Jubilar surge como uma oportunidade de renovação e compromisso. Não é apenas uma repetição de rituais, mas um chamado à transformação autêntica.
Num tempo em que a esperança parece cada vez mais escassa, a Igreja é chamada a ser um espaço de novas possibilidades, um lugar de encontros improváveis e uma escola de humanização.
Vivemos num mundo em transformação profunda, onde os antigos paradigmas da modernidade se desmoronam e as instituições enfrentam desafios de relevância e legitimidade. O excesso de informação, longe de nos tornar mais conscientes, tem gerado uma sociedade mais ansiosa.
Neste contexto, ser Peregrino da Esperança significa redescobrir o valor do tempo e da memória, não como uma nostalgia do passado, mas como uma raiz que sustenta e projeta o futuro. A esperança cristã não é passiva, mas subversiva, à semelhança de Jesus, que desafiava os sistemas, despertava consciências e colocava a história em movimento.
O Ano Jubilar não deve ser encarado apenas como um evento eclesial, mas como uma proposta de transformação do presente, com o olhar voltado para o futuro.
O Padre Eduardo Duque concluiu reafirmando que é essencial traduzir a esperança em ações concretas, para combater o pessimismo e a indiferença que marcam a sociedade atual. Destacou ainda a importância de sermos flexíveis e inclusivos, para que ninguém fique para trás.
“Precisamos de um coração aberto, de uma Igreja aberta, que acolhe a todos. Estamos no tempo de abrir portas, de as escancarar, para que possamos perceber que o essencial é salvar a pessoa”, finalizou.