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Bispo Diocesano, D. José Pereira, dinamiza conferência nas XVII Jornadas do Conhecimento

Ontem, sexta-feira, teve lugar na Igreja de Nossa Senhora do Rosário, em Seia, mais uma conferência integrada nas XVII Jornadas do Conhecimento – Peregrinos da Esperança:

Desafios e Oportunidades em Ano Jubilar, conduzida pelo Bispo Diocesano, D. José Pereira, que abordou o tema: Indulgências: disposição para as acolher.

Em pleno Ano Jubilar, D. José Pereira desafiou uma plateia de mais de cem participantes a refletir sobre o valor, a forma e as condições para se obter indulgências. Iniciou a sua intervenção relacionando indulgência com misericórdia, partindo da Bula de Proclamação do Jubileu Ordinário, e sublinhou que a Indulgência Jubilar, alcançada através da oração, destina-se particularmente àqueles que já partiram, para que possam alcançar a plena misericórdia. Como afirmou: “a indulgência permite-nos descobrir como é ilimitada a misericórdia de Deus.” Antigamente, lembrou, os termos “misericórdia” e “indulgência” eram frequentemente usados de forma intercambiável, justamente porque exprimem a plenitude do perdão divino, sem limites.

Acrescentou que a indulgência, expressão concreta da misericórdia divina, vem ao encontro do ser humano. Deus está sempre disposto a ajudar, pois para Ele não há pecado que não possa ser perdoado. E destacou que a maior expressão dessa misericórdia é o próprio Filho de Deus.

Para ajudar os presentes na reflexão, recorreu a três parábolas: a dos trabalhadores da vinha (Mt 20), a do bom samaritano (Lc 10) e a do filho pródigo ou do pai misericordioso (Lc 15). Sublinhou que o que define as atitudes das personagens é o “olhar” – um olhar moldado pela experiência de viver com os olhos abertos para os outros, tal como o Pai (Deus) olha misericordiosamente para os seus filhos.

Deus é um Pai atento a cada um dos seus filhos, concedendo a cada um aquilo de que realmente precisa. E destacou que, muitas vezes, é aquele que mais está desalinhado que mais precisa do amor de Deus, segundo o Seu sonho e forma de amar a humanidade.

Assim, afirmou que a indulgência é também um convite a alargar horizontes e a olhar para a Vida com V maiúsculo – não a vida terrena, mas a vida eterna. Com essa perspetiva, torna-se mais fácil enfrentar as pequenas mortes do quotidiano e, por fim, a morte definitiva.

A misericórdia de Deus, que nos alcança o perdão através de Jesus, exige de nós uma atitude mais ativa, de abertura e acolhimento ao dom de Deus. Para tal, D. José Pereira propôs três atitudes a cultivar:

  1. Assumir os sentimentos de Cristo, acolhendo a misericórdia e indulgência divinas;
  2. Servir Cristo nos irmãos;
  3. Incorporar na própria vida o que falta à Paixão de Cristo, fazendo dela parte do nosso caminho.

Enumerou ainda algumas das condições para a obtenção de indulgências, conforme descrito na Bula Peregrinos da Esperança:

  • Verdadeiro arrependimento: ter uma sincera disposição para mudar de vida e seguir os caminhos de Deus. O arrependimento não é uma autojustificação.
  • Confissão sacramental: confessar os pecados, renunciando ao apego ao pecado e afastando-se das suas causas.
  • Comunhão eucarística: participar na Eucaristia e receber o Corpo e Sangue de Cristo.
  • Oração pelas intenções do Papa: rezar um Pai-Nosso, uma Ave-Maria e um Glória ao Pai (ou outra oração), com a intenção de interceder pela Igreja e as suas necessidades.
  • Peregrinação a um lugar sagrado: participar em peregrinações, visitar igrejas, celebrar a Missa, participar em missões populares ou em exercícios espirituais. A peregrinação é, sobretudo, um caminho interior em direção a Cristo.
  • Intenção de obter a indulgência: desejar sinceramente acolher o perdão e a graça de Deus, num espírito de caridade. Não basta apenas pedir desculpa.

D. José Pereira concluiu sublinhando que receber uma indulgência não é uma experiência individualista, mas um caminho de fraternidade. A peregrinação exterior deve refletir uma autêntica peregrinação interior.

Texto e fotos: Diac. Paulo Caetano