Skip to content Skip to footer

Dia 2: Jornadas de comunicação social em Fátima

O segundo dia das jornadas de comunicação social começaram com a eucaristia tendo-se seguido a realização de uma mesa redonda, que teve a coordenação de Otávio Carmo, subordinada ao tema Jornalismo artificial.

O padre Miguel Neto abordou o tema “literacia mediática para todos, todos, todos”.

Afirmou que a literacia mediática se define como a capacidade de aceder, avaliar, analisar, criar e comunicar em todos os meios de comunicação.

Afirmou que uma melhor literacia mediática contribuirá para uma melhor igreja.  Será por isso importante que a Igreja católica pugne pela alfabetização mediática dos seus fiéis.

A comunicação institucional não servirá para nada se não promover a interação.

Abordou ainda o conceito de educomunicação e a importância de conhecer e dar a conhecer o documento “rumo à presença plena” que faz uma reflexão sobre a presença cristã nas redes sociais. 

O texto “Rumo à presença plena”, publicado pelo Dicastério para a Comunicação do Vaticano, discute o impacto e os desafios da participação cristã nas redes sociais. Destaca a importância de uma presença digital autêntica e plena, centrada em valores cristãos como a verdade, a empatia e a escuta ativa. A reflexão propõe que as redes sociais, quando bem utilizadas, podem ser uma extensão do testemunho cristão, mas alerta para os perigos da superficialidade, polarização e desinformação. O documento convida a um discernimento cuidadoso sobre como usar essas plataformas para promover o bem comum.

Este documento termina desafiando-nos a fazer este olhar: “ Pode servir-nos de guia o ícone do Bom Samaritano, que liga as feridas do homem espancado, deitando nelas azeite e vinho. Nossa comunicação seja azeite perfumado pela dor e vinho bom pela alegria. Nossa luminosidade não derive de truques ou efeitos especiais, mas de nos fazermos “próximos”, com amor, com ternura, de quem encontramos ferido pelo caminho.”

Terminou o palestrante partilhando o Twitter do Papa Francisco: “Como cristãos somos chamados a manifestar, também nas redes, a comunhão que marca a nossa identidade de crentes, abrindo o caminho ao diálogo, ao encontro, ao sorriso”.

A Prof. Isadora Ataíde Fonseca abordou o tema “verdade entre confrontos de certezas”. Falou sobre as tensões atuais no jornalismo com posturas neutra ou participantes, posturas mais sociais ou de interesses de mercado.

Abordou os constrangimentos jornalísticos de autonomia editorial, as desigualdades entre elites e cidadãos e os constrangimentos causados pelos interesses e contextos institucionais dos média e lógica do mercado.

A certeza é um reduto. A verdade há-de ser movimento.

Definiu o papel do jornalista como facilitador, colaborador do bem comum e não somente “cão de guarda” e ou simples monitor da realidade.

Nesta época em que a tecnologia é o elemento central do jornalismo que se tornou um permanente processo de adaptação será ainda mais importante promover a independência, objetividade e neutralidade.

O jornalismo dos dias de hoje vive da precariedade dos profissionais na ubiquidade mediática e a omnipresença do entretenimento e integração de distintas áreas da comunicação.

A moralidade não pode ser mediada pela inteligência artificial (IA). A moralidade e a ética não podem ser resultado de algoritmos.

O jornalismo é o reflexo da sociedade em que vivemos.

Tomou depois a palavra a dra Joana Beleza, do grupo Impresa – SIC e Expresso que abordou o tema “inteligência artificial e jornalismo: uma carta de princípios”.

Apresentou o seu podcast “conversas ao ouvido” que tem como característica distintiva a conversa que a conferencista mantém com um chatbox que criou.

Abordou ainda outros projetos de podcast que se debruçam sobre o tema da IA.

Apresentou um esboço daquilo que é a carta de princípios para a aplicação de inteligência artificial em contexto de jornalismo que o grupo Impresa, de forma especial o Expresso assumiu.

Este documento resume-se em sete pontos:

1- Qualidade e responsabilidade de conteúdo

2- A utilização da IA apenas em tarefas de suporte não como produção própria

3- Transparência

4- Propriedade intelectual

5- Privacidade e confidencialidade

6- Fontes se informação

7- Qualquer alteração terá de ser autorizada

A conferência de encerramento teve a moderação do Padre Tiago Melo foi conduzida por Mara de Sousa Freitas que se debruçou sobre a inteligência artificial e principais desafios éticos.

Citando G. Leonard afirmou que “humanidade vai mudar mais nos próximo 20 anos do que nos últimos 300 anos.”

Interpelou a todos sobre o que estamos ou não disponíveis a outorgar para a tecnologia? Jamais entregar o sentido crítico e o pensamento moral.

Abordou os principais desafios éticos que a IA nos colocam.  Comparou a IA a um avião onde temos de confiar no piloto e na companhia aérea. Como não entendemos nada de aviões confiamos em quem sabe e é escrutinado. O mesmo deverá acontecer com a IA.

É necessária uma reflexão ética e jurídica permanente para que a evolução humana seja robusta sustentável e digna.

Alertou para os mais diretos perigos da IA: a confabulação, a alucinação, a desinformação, a criação de “pessoas falsificadas”, violação na recolha de dados pessoais, violação de direitos diversos da dignidade humana. O que nos é imposto mas não nos trás nada de bom nunca é inovação.

Finalmente abordou a “obesidade digital” que terá de ser ultrapassada pela correta nutrição digital.

Durante a tarde realizou-se uma celebração e homenagem ao padre António Rego nos 60 anos de sacerdócio e jornalismo.

O cónego António Rego foi ontem, quinta-feira condecorado pelo presidente da República com a Ordem do Infante D. Henrique.

Na cerimónia de entrega das insígnias honoríficas, Marcelo Rebelo de Sousa destacou a comunicação “com proximidade” realizada pelo cónego António Rego, assim como a sua capacidade de dar um “conselho avisado, senatorial, prudente”.

foto – Samuel Mendonça