A Diocese da Guarda acolheu, ontem dia 15 de dezembro, a Luz da Paz de Belém, numa celebração marcada pela esperança, pela comunhão e pelo apelo à construção da paz. A chegada da Luz teve lugar durante a celebração da Santa Missa, às 19h00, na Sé Catedral da Guarda, presidida por Sua Excelência Reverendíssima o Senhor Bispo da Guarda, D. José Pereira.
Este gesto simbólico assume particular relevância no tempo do Advento, em preparação para o Natal do Senhor, recordando que Cristo é a verdadeira Luz que ilumina todo o homem (cf. Jo 1,9) e chama cada cristão a ser sinal de paz no mundo.
Uma luz que vem de Belém e se espalha pela Europa
A Luz da Paz de Belém tem origem na gruta da Natividade, em Belém, e é partilhada anualmente por toda a Europa através do Corpo Nacional de Escutas (CNE). A cerimónia nacional de partilha decorreu este ano no dia 14 de dezembro, em Aveiro, cidade que inspirou o tema da edição de 2025:
«Luz da Paz de Belém, uma luz que nos orienta».
A imagem do farol, símbolo da cidade de Aveiro, esteve no centro da reflexão proposta: uma luz que não apenas se segue, mas que orienta e dá rumo, mesmo em contextos de incerteza. Tal como o farol ilumina sem sair do seu lugar, a Luz da Paz de Belém recorda que a verdadeira orientação nasce de dentro e é chamada a ser partilhada com os outros.
Após a celebração na Sé da Guarda, a Luz da Paz de Belém será agora distribuída pelas paróquias e comunidades da Diocese, para que este sinal de paz chegue a todos.
“A paz constrói-se sem calculismos”
Na homilia, partindo do Evangelho do dia, D. José Pereira convidou os fiéis a refletirem sobre a relação com a autoridade e a forma como esta se liga à construção da paz.
O Bispo da Guarda sublinhou que a paz não pode nascer de relações marcadas pelo cálculo, pelo interesse pessoal ou pela defesa exclusiva da própria posição. Questionando a atitude daqueles que interrogam Jesus sobre a origem da sua autoridade, lembrou que o silêncio de Jesus não é sinal de recusa ou de birra, mas antes a constatação de que há corações fechados à acolhida da verdadeira paz.
“Se queremos a paz, não pode haver calculismos”, afirmou, destacando a necessidade de transparência, autenticidade e desejo sincero do bem do outro, sem negociar com a fragilidade alheia.
A partir da primeira leitura, D. José Pereira alertou ainda para o risco de uma visão limitada à lógica da razão, da emoção ferida, do orgulho ou da autojustificação, que impede a construção da paz. Tal como Balaão, é necessário pedir a Deus um olhar penetrante, capaz de ir além das razões imediatas, das queixas e das estratégias pessoais.
“Não podemos ficar prisioneiros das nossas razões e dos nossos esquemas, sob pena de não conseguirmos construir a paz”, afirmou, apelando a uma abertura sincera aos caminhos que Deus propõe, mesmo quando não coincidem com os nossos.
Um compromisso que transforma
No final, o Bispo da Guarda desejou que este gesto não fique apenas num símbolo, mas que a Luz da Paz de Belém transforme os corações, tornando cada cristão agente de paz, nas famílias, nas comunidades e na sociedade.
A Luz recebida e partilhada na Sé Catedral da Guarda permanece, assim, como um apelo concreto à conversão, à escuta e à construção de relações fundadas na verdade e na paz.
Video: Filipe Santos
