Festa da Apresentação do Senhor
Celebramos hoje a Festa da Apresentação do Senhor Jesus no Templo.
Popularmente é designada a Festa de Nossa Senhora das candeias ou da candelária.
As razões desta designação de Festa das candeias estão, de facto, ligadas à forma como o Velho Simeão recebeu no Templo e apresentou o Menino Jesus, 40 dias depois do seu nascimento. Jesus de facto é a salvação que o Povo esperava; é a luz que se revela às nações, a glória de Israel, o Povo de Deus.
Maria Santíssima é assim a Senhora das Candeias, porque ofereceu ao mundo a candeia por excelência, isto é, a luz dos povos, o Seu Filho Jesus.
Hoje e pela 29ª vez, celebra-se também o Dia da Vida Consagrada ou seja daqueles e daquelas que querem fazer da sua vida uma especial consagração a Deus pela prática dos conselhos evangélicos. Ontem mesmo, o Papa Francisco presidiu a uma celebração vespetina, na Basílica de S. Pedro, em Roma, com milhares de religiosos e religiosas e outros formas de vida de especial consagração. Lembrou o jubileu da vida consagrada marcado para o próximo mês de outubro e convidou a prepará-lo sobretudo aprofundando o sentido dos conselhos evangélicos da pobreza, castidade e obediência.
É bom termos também em conta que o dia 2 de fevereiro foi sempre muito lembrado e celebrado, nesta catedral da Diocese da Guarda, com convite aos distintos institutos de vida religiosa que existem na Diocese, para marcarem presença na celebração do Dia da Vida Consagrada.
Hoje estou aqui também para convosco dar graças pelos 20 anos de Ministério Episcopal na nossa amada Diocese da Guarda, cumpridos no passado dia 16 de janeiro. Agradeço a vossa presença neste ato de ação de graças e também para dizer que, com as nossas capacidades e muitas limitações, estamos disponíveis até ao fim para aquilo que nos for pedido.
Escutámos a Palavra de Deus, nesta Festa da Apresentação do Senhor, 40 dias depois do Natal. É uma festa que acontece em pleno Jubileu Ordinário do ano de 2025, pelo que sublinhamos o anúncio do Profeta Malaquias que aponta a vinda do precursor, aquele que vem preparar a chegada do salvador. E essa preparação essencialmente é o caminho da conversão.
Com alguma regularidade, o Papa Francisco tem feito reflexões aos sábados sobre o jubileu; e aquela que ontem fez foi sobre a conversão. E disse que a conversão não é apenas deixar de fazer o mal, o pecado, mas principalmente querer acertar o passo com Jesus, procurando seguir o caminho que Ele nos aponta.
Por sua vez, a Carta aos Hebreus que hoje escutámos faz-nos a interrogação de fundo sobre o que efetivamente queremos da nossa vida. A resposta está na pessoa de Jesus que, sendo rico se fez pobre e em tudo igual a nós para nos dizer qual o único caminho que nos realiza, a saber, a entrega da vida pessoal por grandes causas. E é esse mesmo o único sacrifício que agrada a Deus.
Jesus é, de facto, essa luz de que o mundo precisa para identificar e percorrer os caminhos que dão alegria e felicidade a todos sem exceção.
Caminhos que são exigentes. Por isso, não podemos pensar que são todos a descer. Pelo contrário, exigem muita entrega e mesmo sacrifício, como estamos a verificar no panorama do nosso mundo atual. Quantas vezes as facilidades e os interesses atrapalham muitos percursos de bem dos quais as pessoas precisam para termos a verdadeira paz e o desejado progresso. Foi por isso que o velho Simeão não escondeu a Maria Santíssima que o futuro lhe reservava uma espada de dor a atravessar o seu coração. Vemos aqui o anúncio antecipado da Paixão de Jesus, esse Menino agora apresentado ao Senhor, como determinava a lei mosaica.
Estamos aqui, como disse, também para agradecer 20 anos de Ministério Episcopal e para pedir que sejam relevadas as faltas e limitações acontecidas ao longo deste percurso.
Como já disse, cumpri sempre ao longo deste percurso de 20 anos, o propósito de prestar contas à Diocese no dia 16 de janeiro, data aniversária da minha entrada na mesma Diocese.
Não quero repetir o que disse no passado dia 16 de janeiro, mas desejo manifestar diante de vós a minha profunda gratidão aos sacerdotes desta Diocese, porque, sendo menos, em número, graças à sua generosidade, é possível dar resposta às diferentes situações pastorais. A mesma gratidão manifesto aos nossos diáconos pela generosidade da entrega ao serviço do Ministério. Dos 23 que ordenámos, o Senhor já chamou dois.
Igual apreço desejo deixar a quantos se entregam generosamente ao exercício dos diferentes ministérios laicais, assim como às comunidades religiosas e de vida de especial consagração espalhadas pela Diocese. São também de importância fundamental os serviços diocesanos que constituem, de verdade, os eixos principais do governo da Diocese.
Igualmente aos órgãos de aconselhamento como são o Conselho Presbiteral, o Conselho Pastoral e Diocesano e o dos Assuntos Económicos, ao Colégio de Consultores no coração da Diocese, assim como aos conselhos pastorais paroquiais e interparoquiais, incluindo os dos respetivos assuntos económicos, fica a expressão do meu apreço pelos serviços prestados, pois são pedras fundamentais no funcionamento da Diocese.
Desejo referir também a vontade que a Diocese sempre manifestou e que será bem reforçar na colaboração com as instituições da sociedade civil. E dirijo-me agora especialmente aos Senhores Presidentes de Câmara e outros representantes das instituições civis aqui presentes para lhes dizer que estamos cá para conjugar ao máximo os nossos esforços, com vista a criar condições de vida com qualidade a todas as pessoas e quanto possível abrir novas portas de desenvolvimento para as nossas gentes, assim como para os serviços e as instituições de que dependem a suas vidas. Nesta matéria temos pela frente longo caminho a percorrer. Chegar a bom porto não depende só de nós, mas temos de saber fazer bem o trabalho de casa, conjugando o melhor possível as potencialidades que temos.
Sobretudo o programa das visitas pastorais desenvolvido ao longo de 8 anos, o qual me levou ao encontro de cada uma das freguesias e suas anexas, permitiu-me dialogar com os sr.s Presidentes de Câmara e de Junta como também com os responsáveis das distintas instituições que fazem a textura da nossa vida social; e deram-me a conhecer por dentro a realidade humana e social desta Diocese que tem de ser sempre o ponto de partida para as iniciativas que precisamos de tomar.
Como já disse à Diocese, foi meu entendimento que há cinco anos atrás era o momento do virar de página na vida diocesana, com a antecipação da minha renúncia às funções de Bispo da Guarda. E escrevi isto mesmo ao Papa Francisco, não por estar cansado ou por falta de saúde, mas tão só com a convicção de que também o Ministério Episcopal não tem de ser exercido sempre da mesma maneira. A resposta veio agora.
E porque mais vale tarde do que nunca, manifesto, diante de vós, o meu regozijo pelo novo Bispo que foi oferecido à nossa Diocese da Guarda. Foi um ótimo presente de Natal. Como já disse, conheço-o há 22 anos e colaborei com ele então no serviço do Pré-Seminário, quando eu desempenhava funções de Bispo Auxiliar do Patriarcado de Lisboa. Depois de todos estes anos, deixa o serviço de Reitor do Seminário dos Olivais, do mesmo Patriarcado de Lisboa, por sinal o Seminário que eu também frequentei como seminarista durante 5 anos, para ficar ao nosso serviço como Bispo da Guarda.
Posso, por isso, dizer-vos que é a pessoa certa no lugar certo e que em muito vai ajudar esta nossa Diocese da Guarda e definir bem os caminhos do futuro.
Rezemos pelo nosso Bispo agora eleito e que será ordenado e tomará posse das funções de Bispo ad Guarda no próximo dia 16 de março, em celebração nesta Sé.
Finalmente quero dizer-vos qual a minha resposta quando me perguntam sobre o que vou fazer a seguir. Essa resposta tem sido invariavelmente a seguinte: durante 20 anos não tive Bispo, embora sendo Bispo para os outros. A partir do dia 16 de março próximo, tê-lo-ei e aceitarei o caminho que ele me indicar. E ficarei contente, pois gosto mais de obedecer do que de mandar.
Demos a graças a Deus e confiemos-lhe a nossa vida nas suas diferentes etapas.
2 de fevereiro de 2025
+Manuel da Rocha Felício