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Homilia: Dedicação da Catedral

Sé da Guarda, 22.10.2024

Celebramos o aniversário da dedicação da nossa Catedral. E neste dia da Catedral o nosso olhar e a nossa oração estendem-se a toda a Diocese da Guarda, no conjunto das suas comunidades e serviços, a começar pelas paróquias e conjunto de paróquias.

Como sabemos, a Catedral, que também chamamos  Sé, é a Sede ou Cadeira do Bispo Diocesano.

A partir desta sua Cadeira ou Sede, o Bispo procura deixar-se iluminar pelo Senhor Jesus e pela Sua Palavra para dar a toda a Diocese as orientações que lhe deve dar. Por isso, hoje invocamos a especial intercessão de Maria Santíssima, que aqui recebe o título de Senhora da Assunção, pelo Bispo desta Diocese, mas também pelos seus sacerdotes e diáconos, como também sobre todos aqueles e aquelas que desempenham os diferentes ministérios e serviços em favor das comunidades. E, ao mesmo tempo, pedirmos à nossa Padroeira, Senhora da Assunção que seja realmente a mãe de toda a nossa Diocese, que não tem outro padroeiro para além dela; e esse é mais um motivo para reforçarmos a nossa confiança na sua proteção materna.

Queremos confiar-lhe as duas grandes preocupações pastorais que nos acompanham neste ano pastoral 2024-25. Uma delas é a implementação do novo Itinerário da iniciação à vida cristã de crianças e adolescentes, com as famílias. Um grupo significativo dos nossos catequistas acabou de participar, em Fátima, no passado sábado e domingo, no encontro Nacional de Catequistas, que versou sobre este mesmo assunto. A outra grande preocupação é a de nos organizarmos de melhor maneira para vivermos o Jubileu Ordinário da Redenção marcado para o ano de 2025. Claro que o Sínodo sobre a sinodalidade, que caminha para a sua conclusão em Roma – o encerramento está marcado para o próximo dia 27 – tem de continuar a suscitar a nossa atenção. E certamente que as conclusões que dele nos virão hão-de entrar, o mais possível, na vivência da nossa fé e  na vida das nossa comunidades. Desde já pedimos à nossa Padroeira, Senhora da Assunção, a graça de aproveitarmos ao máximo as orientações deste Sínodo.

Sempre que nos reunimos em assembleia celebrante, sobretudo em cada domingo, a Palavra de Deus está no centro da nossa atenção. Também aconteceu com a assembleia que é hoje reportada no Livro de Neemias. O Povo reunido em assembleia escutou demoradamente a proclamação da Palavra de Deus, os levitas ou seja os ministros da Palavra explicaram-na e as consequências foram a conversão das pessoas até ao derramamento das lágrimas. Mas logo veio a consolação que resulta do acerto de contas com o Senhor, que orienta a nossa vida. E foram para suas casas continuar a celebração festiva da renovação motivado pelo acolhimento da Palavra de Deus.

Do anúncio e da escuta da Palavra nasce a Fé. E hoje o Evangelho apresenta-nos o testemunho de Fé do apóstolo Pedro, que, em nome dos seus pares – os outros apóstolos – responde  à interpelação de Jesus “quem  dizeis que eu sou?” A resposta de Pedro – “Tu és o Messias esperado, o Filho de Deus Vivo” – foi aprovada por Jesus, que imediatamente lhe lembra – “ não foram a carne e o sangue que to revelaram, mas meu Pai que está no Céu”.

 E Jesus acrescentou sobre essa profissão de Fé os dois mandatos de serviço que lhe ficam confiados. Um deles é o serviço do Primado ou seja o de, como chefe do grupo dos 12, representar a pedra fundamental da Igreja, que é sempre e só Jesus. O outro é o chamado  poder das chaves ou seja o poder de perdoar os pecados, que, não sendo exclusivo de pessoa de Pedro, tem sempre de ser exercido em comunhão com ele.

O que está em causa é a construção e a vida de comunidade da Fé, na qual Jesus é sempre a pedra fundamental, como lembra hoje S. Paulo, na Carta aos Coríntios e todos nós somos as pedras vivas em união com Ele. E temos a certeza de Fé de que uma comunidade assim é sempre Templo do Espírito Santo; o Templo de Deus que, como lembra o mesmo Paulo, é Santo e nós somos esse templo. Não podemos, por isso, destruir este templo, mas trabalhar para o construir cada vez mais e melhor. E nós estamos cá para isso, para colaborarmos todos, cada um segundo os dons recebidos de Deus, na construção das nossas comunidades.

Neste dia da Catedral, pedimos à Padroeira, Senhora da Assunção, que nos ensine e acompanhe para sermos cada vez mais essas pedras vivas de que nos fala S. Paulo.

Catedral da Guarda, 22-10-2024

+Manuel da Rocha Felício, Bispo da Guarda