(Des) Encontros
Procuro um lugar adequado e uma boa posição corporal. Respiro lenta e suavemente.
Silencio os pensamentos. Tomo consciência da presença de Deus, invocando o Espírito Santo.
1. O que diz o texto
– Leio pausadamente Mc 6,1-6.
– Sublinho e anoto o mais significativo.
Jesus regressa a Nazaré. Seus conterrâneos, que Lhe conhecem a origem modesta, resistem a ver n’Ele um profeta. A sua falta de fé conduz ao escândalo e à rejeição.
2. O que me diz Deus
– Que pensamentos e sentimentos despertam em mim esta passagem?
Segundo os conterrâneos de Jesus, Deus não cabe na simplicidade da aparência humana. Demasiadas certezas e preconceitos inviabilizam a fé. Julgar conhecer converte-se em querer controlar. Em consequência, Jesus “não podia ali fazer qualquer milagre”. É a própria salvação que fica condicionada. A minha relação com Cristo funda-se num coração aberto à sua novidade ou baseia-se no que sei e compreendo? Se me fecho nas minhas seguranças, Jesus só fará obra nos “arredores”, fora de mim.
3. O que digo a Deus
– Partindo do que senti, dirijo-me a Deus, orando (de preferência com palavras minhas).
Senhor, sem fé restrinjo a tua ação em mim. Reconheço que, muitas vezes, prefiro assentar os meus projetos e decisões nas minhas certezas. É mais seguro, julgo eu. Remeto-Te, assim, para “momentos religiosos” ou aflições de última hora.
Idealizando-Te infinitamente grande, a tua humildade me confunde. Quantas vezes respondo com indiferença, desconfiança ou rejeição às sugestões da tua Palavra, só por me desinstalarem da minha programação. Mas onde chegarei sem Ti!? Ajuda-me a reconhecer-Te na simplicidade e a acolher-Te na pobreza das pequenas coisas.
Sei que não dependes de mim e que o Reino se fará sem mim. Contudo, já Te experimentei o suficiente para não pretender ficar fora. Não quero reduzir-Te ao meu entendimento. Pelo contrário, só Tu me podes elevar acima de mim mesmo.
4. O que a Palavra faz em mim
– Contemplo Deus, saboreando e agradecendo.
Senhor, teu amor é surpreendente e jamais prescreve. Louvo e agradeço o teu cuidado por mim. Contemplo e adoro o mistério da infinitude, tão próxima da minha finitude.
Inspira-me o que esperas e mereces de mim. Apoiado em Ti, comprometo-me em algo oportuno e alcançável, crescendo na minha relação diária conTigo e com os outros.
PROVOCAÇÕES
– Vivo indiferente à novidade e desafios do Evangelho de Jesus?
– Minha “familiaridade” com Deus abre ou fecha meu coração e mente?
– Disponho-me a seguir Jesus na sua simplicidade, sem me escandalizar?
UM PENSAMENTO
“Não se pode amar a divindade de Cristo sem amar primeiro a sua humanidade.” (Hadewijch de Antuérpia.)
UM DESAFIO
Pedir ao Espírito Santo a graça de ousar a novidade do Evangelho.
UMA ORAÇÃO-POEMA
Até onde alcançarei
se não caminhar por dentro de mim
até chegar a Ti!?
Enredado nas minhas certezas,
não consigo enxergar
a imensidão do teu mar
que me espraia a existência.
Bem me refrescas a alma
com respingos de novidade
e aragens de paz e bem.
Mas o receio de mergulhar-Te
encharcando-me de Ti
leva-me ao covarde resguardo,
entrincheirado em seguranças
que me atraiçoam o ser.
Antes que Te vás, por Ti seguirei
pois teu amor jamais prescreve.
UMA CANÇÃO
Newsboys – Enemy
Uma proposta do Rev. Pe. Serafim Reis