Iniciamos a Quaresma com o rito da imposição das cinzas, em Quarta-Feira de Cinzas. São 7 semanas, a que se acrescentam mais 4 dias para perfazer, descontando os seus seis domingos, o número simbólico dos 40 dias de penitência e de preparação para podermos celebrar, com verdade, o triunfo pascal do Senhor Jesus morto e ressuscitado.
E esta é uma Quaresma especial, pelo facto de vir enriquecida pela graça do Jubileu.
Somos convidados pelo Papa Francisco a manter diante de nós, ao longo de toda ela, este apelo: caminhemos juntos na esperança.
Caminhar faz parte da nossa vida pessoal, como fez parte do antigo Israel e hoje faz parte da vida da Igreja.
Estamos, realmente, a caminho para a meta do Reino, onde o próprio Deus nos aguarda de braços abertos, para além de, ao mesmo tempo, fazer caminho connosco.
Mas esta não é uma peregrinação de isolados. Não.
De facto, vivemos sempre juntos os nossos percursos, principalmente aqueles que nos fazem sair de situações comparáveis à escravatura do Egipto para a liberdade e a alegria que nos vêm de Deus. O apelo proveniente da nossa identidade de filhos de Deus e da Igreja é para juntos fazermos caminhada sinodal, como nos pede o documento final do Sínodo sobre a sinodalidade.
Por isso, precisamos de treinar a capacidade e o próprio hábito de nos escutarmos uns aos outros, com amor e muita paciência. No nosso exame de consciência, com regularidade, que queremos aperfeiçoar, ao longo desta Quaresma, é bom que nos perguntemos o que falta a nós, sacerdotes, diáconos, leigos e leigas, responsáveis por movimentos e serviços diocesanos para, em trabalho conjunto, fazermos crescer o Reino de Deus no meio de nós e no mundo, através desta Igreja diocesana, que queremos servir com verdadeiro amor e dedicação.
A esperança não engana, lembra-nos a Bula do Jubileu, e nós queremos experimentá-lo particularmente nesta Quaresma, voltando os olhos para a vitória de Cristo Ressuscitado sobre a morte e todos os outros constrangimentos que afetam a nossa vida e a sociedade em que vivemos.
Todos os anos fazemos um apelo à generosidade que a Fé nos inspira e concretizamos na renúncia quaresmal .
Este ano vamos fazer a nossa renúncia quaresmal, com duas finalidades:
Uma delas é ajudar a Fazenda da Esperança, por graça de Deus sediada na Diocese da Guarda, concelho de Celorico da Beira, paróquia de Maçal do Chão, a construir uma padaria, com vista à sua sustentabilidade. Neste momento, acolhe seis utentes recuperandos e aguarda a chegada de um novo sacerdote para integrar a equipa diretiva local;
A outra parte é destinada a contribuir para a diminuição do sofrimento das populações do norte de Moçambique que, desde há anos a esta parte, continuam a ser expulsas das suas casas e das suas terras. Procuraremos fazer-lhes chegar a nossa ajuda, resultante da renúncia quaresmal, através da Caritas Nacional Portuguesa, em colaboração com a Caritas Moçambicana.
Desta maneira, reforçamos o nosso caminhar juntos, de peregrinos da esperança, como nos recomenda o Jubileu.
Pedimos a bênção de Deus e o auxílio de Maria Santíssima, nossa mãe e Mãe da Igreja, para a caminhada quaresmal que estamos a começar.
Guarda, 1 de março de 2025
+Manuel da Rocha Felício,
Administrador Apostólico da Diocese da Guarda