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Notas gerais da homilia do Bispo da Guarda no Encerramento do Ano Jubilar 2025

Sé da Guarda, 28 de dezembro – Festa da Sagrada Família e encerramento do ano Jubilar

Na celebração do encerramento do Ano Jubilar em contexto diocesano, na Sé da Guarda, D. José Pereira, na sua homilia, partiu da Festa da Sagrada Família para iluminar a vida das famílias, da Diocese e da Igreja no mundo, apontando caminhos de continuidade, esperança e compromisso.

1. A família, sonho de Deus

A família, tantas vezes entendida apenas como construção social ou realidade histórica, foi apresentada como sonho de Deus. Inspirando-se na Sagrada Família, o Bispo recordou o sonho de José e a intervenção do anjo, sublinhando que a ida para o Egipto não foi apenas uma fuga por razões económicas ou de segurança, mas sobretudo o cumprimento do desígnio de Deus, para que se realizassem as Escrituras e se revelasse o Messias.

A Sagrada Família é, assim, fonte e modelo para as nossas famílias: mais do que projetos humanos, o casal e a família são uma missão confiada por Deus. Cada família é chamada a viver para além de si mesma, aberta ao horizonte do sonho divino.

À luz da segunda leitura, São Paulo foi apresentado como quem traça o horizonte comum da vida familiar: misericórdia, mansidão, paciência, perdão e ação de graças. São virtudes que estruturam a vida de quem cresce em família, respeitando a diferença de cada um. Todos são iguais em dignidade, mas chamados a missões diferentes, sem que ninguém perca ou anule a sua identidade própria de homem, mulher, filho ou filha.

Sem fugir às palavras mais exigentes da Escritura, o Bispo recordou que a submissão é atitude de quem é enviado em missão, que o amor não se reduz à autossatisfação, que obedecer não é aprisionamento e que corrigir nunca pode impedir o crescimento. Os filhos não são o projeto dos pais: cada um é chamado a descobrir a missão que Deus sonha para si.

Na Palavra de Cristo, cada família encontra o caminho que é chamada a percorrer. Por isso, foi deixada uma interrogação central: são as nossas famílias o lugar onde Deus entra no mundo? São espaços onde se toca a presença viva de Cristo? Cuidar da família é cuidar do lugar escolhido por Deus para se tornar presente na história.

2. Encerrar o Ano Jubilar: não um ponto final, mas um novo começo

O encerramento do Ano Jubilar na Diocese não foi apresentado como um fim, mas como um tempo de continuidade. O Jubileu foi vivido como ano de graça, libertação e conversão, e agora coloca-se a pergunta decisiva: como dar seguimento a este caminho nas famílias, nas comunidades e em toda a Diocese?

Num forte apelo à corresponsabilização e ao caminho sinodal, o Bispo sublinhou que este é o tempo de não adiar mais, de não nos encolhermos, mas de assumir com coragem a missão, sobretudo através dos grupos sinodais locais e do processo de escuta.

Foram destacados três caminhos pastorais concretos:

  • Pastoral familiar: repensar os caminhos da pastoral da família, não a partir de critérios meramente sociológicos, mas como famílias chamadas a viver e testemunhar o sonho de Deus.
  • Pastoral da mobilidade: acolher aqueles que chegam à Diocese, deixando-nos provocar por uma atitude que contrarie o imobilismo e nos coloque em saída, encontrando novas formas de viver e propor a fé cristã.
  • Pastoral da escuta: escutar o sonho de Deus, deixar habitar em nós a Palavra de Cristo, cuidar da vocação de cada pessoa, com especial atenção ao seminário e ao despertar vocacional. Só assim se vive uma fé verdadeiramente cristã e não apenas uma fé religiosa.

3. O caminho da esperança

Ao encerrar o Ano Jubilar no contexto diocesano o Bispo da Guarda apontou com clareza o caminho da esperança, convidando a Igreja diocesana a libertar-se de discursos pessimistas e a confiar na ação de Deus que continua a semear.

Esse gesto tornou-se visível no final da Eucaristia, quando foi entregue a todos os participantes um pequeno saco com sementes: sinal simples, mas profundamente simbólico, de compromisso, de futuro e do desejo de que o Ano Jubilar dê frutos abundantes na vida das famílias, da Diocese e do mundo.

Num dia frio, a Sé da Guarda cheia tornou-se imagem viva de uma Igreja que, mesmo em contextos exigentes, escolhe caminhar na esperança, confiando que Deus continua a fazer germinar vida nova no coração do seu povo.

Texto: GECRP

Fotos e Video: AM, MG