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Entrevista Agência Ecclesia: Bispo Diocesano faz balanço pastoral dos primeiros meses e principais desafios futuros

O Bispo da Guarda, D. José Pereira, orientou este ano o retiro espiritual do clero diocesano, que decorreu de 24 a 28 de novembro, com o propósito de “estar com os padres, rezar juntos e revisitar dimensões fundamentais” da vocação cristã e ministerial.

Em declarações à Agência ECCLESIA, D. José Pereira explicou que desejou assumir pessoalmente a pregação para, ainda no seu primeiro ano à frente da Diocese, aprofundar a proximidade com o presbitério e promover um tempo de verdadeira comunhão espiritual.

Rezar em conjunto e renovar a identidade sacerdotal

O retiro não seguiu um tema único, mas desenvolveu quatro núcleos espirituais, centrados na identidade batismal e ministerial dos sacerdotes:

  • “Consagrados como filhos no Filho”
  • “Consagrados como servos no Servo”
  • “Consagrados para servir na caridade pastoral”
  • “Consagrados para servir em comunhão”

Este itinerário pretendeu ajudar os presbíteros a revisitar aquilo que são, reforçar a fraternidade sacerdotal e preparar espiritualmente o novo ciclo pastoral, marcado pelo caminho sinodal e pelo início do Advento e do Natal.

Preocupação com a formação sacerdotal e futuro do Seminário

Entre as reflexões partilhadas, o Bispo da Guarda manifestou especial preocupação com o Seminário Interdiocesano de São José, que agrega as dioceses da Guarda, Bragança-Miranda, Lamego e Viseu, e que se encontra, desde este ano letivo, em Gondomar (Diocese do Porto).

D. José Pereira assinalou:

  • a diminuição do número de seminaristas – atualmente 11 distribuídos pelas três etapas de formação (propedêutica, discipular e configuradora);
  • a dificuldade em manter estruturas formativas claras com tão poucos alunos;
  • a existência de um certo “divórcio” entre o seminário e as dioceses, não apenas justificado pela distância geográfica;
  • a necessidade de reavaliar seriamente os modelos formativos para garantir que respondem aos desafios do tempo presente e à vivência sinodal.

Embora reconheça o empenho e generosidade da equipa formadora, o Bispo da Guarda interroga-se sobre a capacidade da atual configuração formativa para preparar presbíteros aptos a enfrentar tensões, diferenças e exigências pastorais contemporâneas.

Reformas na Cúria Diocesana

Ao longo dos seus primeiros nove meses de ministério episcopal, D. José Pereira iniciou também reformas estruturais na Cúria Diocesana, procurando torná-la mais eficiente e mais centrada na evangelização, na espiritualidade e na construção da comunhão.

Entre as medidas já implementadas, destacam-se:

  • Nomeação de um novo vigário-geral, que trabalha em transição com o anterior;
  • Reforço da Secretaria-Geral e apoio ao Chanceler com um novo notário;
  • Continuidade da ecónoma e de um colaborador leigo que, há décadas, é presença fundamental na ligação da Cúria com as comunidades;
  • Aposta na revitalização do Gabinete de Comunicação, com a criação logo que possível de uma equipa para a comunicação pastoral e institucional.

O Prelado sublinhou ainda a importância de integrar mais leigos na Cúria, embora reconheça que tal exige garantir a sustentabilidade económica necessária para remunerar adequadamente estes profissionais.

Um caminho sinodal para a Diocese da Guarda

D. José Pereira afirmou que deseja consolidar, neste novo ciclo pastoral, três prioridades já apresentadas ao clero:

  1. Vida espiritual renovada
  2. Caminho sinodal efetivo
  3. Cuidado atento com o seminário e as vocações

O retiro do clero, vivido em clima de profunda fraternidade e oração comum, marcou assim um passo significativo neste percurso conjunto, reforçando a unidade e a missão dos sacerdotes ao serviço do povo de Deus.