D. José Pereira convidou a Diocese a “levantar-se e caminhar”, inspirada pela cura do paralítico de Betesda e guiada pela escuta do Espírito Santo.
A Diocese da Guarda deu início, na noite de 30 de novembro de 2025, ao seu Itinerário Pastoral 2025/2026 com uma Vigília de Oração na Sé Catedral. Presidindo à celebração, D. José Pereira propôs à Diocese um caminho sinodal marcado pela escuta, pelo discernimento e pela unidade, inspirado no episódio evangélico da cura do paralítico junto à piscina de Betsaída (Jo 5, 1-9).
Durante a reflexão, o Bispo da Guarda partiu da pergunta de Jesus ao paralítico — “Queres ser curado?” — para sublinhar que a vida pessoal e comunitária também conhece longos períodos de espera, de desencontros e de expectativas colocadas nos outros. Tal como o paralítico viveu trinta e oito anos à espera que alguém o ajudasse, também a Igreja pode ficar paralisada quando aguarda que “alguém faça”, “alguém resolva” ou apareça a solução ideal.
D. José Pereira lembrou, porém, que nem Jesus oferece soluções mágicas, nem a sinodalidade é “um elixir” que resolve tudo de forma imediata. Pelo contrário, o convite de Cristo permanece atual: “Levanta-te, toma a tua enxerga e anda. ”O Bispo destacou que o início deste caminho sinodal a que nos propomos este ano coincide com o início do Advento, tempo propício para acolher a própria história, reconhecer limites e pôr-se a caminho. “Esta é a hora”, insistiu.
Referindo-se ao movimento das águas da piscina do texto do Evangelho, D. José Pereira explicou que a cura acontecia quando a água era agitada, imagem da ação do Espírito Santo na Igreja. Por isso, o discernimento sinodal não pode ser confundido com a defesa de posições pessoais, interesses paroquiais ou sensibilidades particulares. O método sinodal existe para escutar juntos o que o Espírito Santo sugere e responder aos sinais que Ele faz emergir.
A imagem bíblica da piscina com cinco pórticos serviu ainda para ilustrar a unidade na diversidade da Igreja. Uma só água, cinco acessos: “Um só Cristo, uma só Igreja, várias condições e caminhos”. O Bispo sublinhou que a Diocese da Guarda é formada por muitas realidades — paróquias, grupos, movimentos, serviços — mas todas convergem para uma única Igreja diocesana. Tal como um pórtico sem piscina “não é nada”, também cada comunidade só encontra sentido na comunhão eclesial. A vida diocesana converge na assembleia eucarística dominical, fonte das águas vivas.
A concluir, D. José Pereira recordou que a fé cristã é, antes de tudo, inserção em Cristo: Cristo em nós e nós em Cristo, formando um só Corpo. Pediu por isso que o Espírito Santo ilumine e conduza a Diocese neste novo itinerário pastoral, ajudando a encontrar “os melhores caminhos” de comunhão, missão e renovação.
