No passado sábado, dia 17 de maio de 2025, o estádio municipal da Covilhã acolheu a celebração da benção dos Finalistas da Universidade da Beira Interior (UBI), presidida por D. José Pereira, Bispo da Guarda.
A celebração reuniu finalistas, familiares, docentes, representantes da academia e autoridades civis, num momento de ação de graças, esperança e envio.
Na sua reflexão, o senhor D. José dirigiu uma palavra próxima e profunda aos jovens que agora encerram uma etapa marcante das suas vidas. Inspirado na parábola dos talentos, recordou que cada pessoa traz em si sementes de dons que não podem ser desperdiçados — dons que dizem respeito não apenas ao saber, mas também à dimensão mais profunda da existência: a espiritualidade.
“A espiritualidade não é um exclusivo de quem acredita em Deus. É um talento semeado no coração de cada homem e de cada mulher.”
Este dom, que habita em cada ser humano, é um convite à interioridade, à escuta, à construção de sentido. Mesmo sem fé explícita, todos são chamados a cultivá-lo. Perder essa dimensão é desperdiçar uma riqueza que transforma vidas e constrói futuro. Somos mais do que as nossas conquistas imediatas.
Outro talento destacado foi o da oportunidade de estudar no ensino superior. Numa sociedade onde muitos não têm acesso a essa realidade, a universidade não deve ser vivida apenas como uma “boa fase”, mas como um ponto de partida para uma vida de aprendizagem permanente. “Não somos sabões”, disse o senhor Bispo, sublinhando com humor que o verdadeiro sábio é aquele que mantém o desejo constante de aprender.
A universidade é mais do que um percurso académico: é um universo que desperta o gosto pela sabedoria, pelo bom sabor da vida, pelas pequenas coisas que nos abrem à grandeza.
Além dos talentos pessoais, foram recordados os talentos específicos confiados a cada curso, com palavras dirigidas a diversas áreas:
- Na área da saúde, evocando Francis Collins (A Linguagem de Deus), D. José lembrou que a ciência pode curar, mas é a espiritualidade que ensina a cuidar. É necessária a humildade para reconhecer que nem sempre conseguimos curar, mas somos sempre chamados a cuidar com compaixão.
- Aos engenheiros, lançou o desafio de colocar o conhecimento técnico ao serviço do bem comum. O poder de transformar o mundo deve estar sempre ordenado ao bem. “O talento que vos foi confiado deve ser aplicado com critérios éticos, para fazer bem.”
- Às ciências sociais e humanas, confiou a missão de humanizar um mundo cada vez mais tecnológico. A economia, a história, a sociologia, a psicologia — todas estas áreas têm o poder de despertar uma humanidade mais fraterna, ou de reforçar individualismos. Os finalistas são chamados a ser artífices de uma nova humanidade, que olha com atenção para os outros e constrói em conjunto.
- Às artes e às letras, dirigiu um apelo à elevação da alma. A arte e a literatura não são apenas estética ou entretenimento, mas instrumentos poderosos ao serviço das grandes causas humanas. Que estas linguagens cuidem da raiz da humanidade e elevem o ser humano à imagem de Cristo: alguém com coração largo, mente aberta e horizonte vasto.
Em tom conclusivo, D. José Pereira convidou cada jovem a permitir que Jesus Cristo seja companheiro de viagem nesta nova etapa da vida. Como alguém que acompanha, que multiplica talentos e caminha connosco nos desafios do mundo.
“Os que partem, levem este apelo no coração. Os que ficam, saibam que a Covilhã e Igreja da Diocese da Guarda espera muito de vós.”
Neste momento de passagem, a Igreja diocesana faz votos de que os talentos semeados em cada finalista cresçam, floresçam e dêem fruto — para bem de todos.
Video AAUBI
Foto Municipio da Covilhã