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S. Frei Bartolomeu dos Mártires e o Venerável Servo de Deus D. João de Oliveira Matos

Celebrámos, há dois dias, a memória litúrgica de S. Frei Bartolomeu dos Mártires.

Um Frade dominicano, nascido na Paróquia dos Mártires, em Lisboa, no ano de 1514, viria a distinguir-se como Arcebispo de Braga e  com a participação no Concílio de Trento, que foi realmente notável.

A preocupação pela formação do clero levou-a ele para o Concílio traduzida no Stimulus Pastorum e depois aplicou-a na sua Arquidiocese, nomeada-mente com a construção do Seminário Conciliar, em Braga. Por sua vez, o empenho na formação cristã do Povo de Deus em geral levou-o a escrever o Catecismo ou Doutrina Cristã e Práticas Espirituais, que, no imediato, teve 15 edições.

As visitas pastorais foram nota dominante  da sua atividade de Arcebispo, passando largos tempos em deslocações até aos lugares mais afastados do centro da Arquidiocese, que, ao tempo, tinha 1260 paróquias.

Para aplicar as recomendações do Concílio de Trento, em que foi perito conciliar,  reuniu primeiro um sínodo diocesano e depois um outro sínodo provincial.

 O Venerável Servo de Deus D. João de Oliveira Matos, cujo processo de beatificação/canonização está em curso, viveu em tempos muito diferentes, mas o seu perfil de pastor em muito o aproxima do Arcebispo santo.

Depois do percurso feito na Diocese da Guarda e de cinco anos na Arquidiocese de  Braga como Secretário do Arcebispo D. Manuel Vieira de Matos, regressou à sua Diocese com um claro propósito de promover a renovação da vida cristã a todos os níveis.

Primeiro, como Visitador Apostólico e depois como Bispo Auxiliar, percorreu a Diocese em visitas pastorais. Nelas acompanhava os Párocos, estava com os paroquianos e motivava as comunidades paroquias para a formação e celebração da Fé.

Como o Arcebispo santo, fez das visitas pastorais o grande instrumento para revitalizar as comunidades paroquiais.

A espiritualidade eucarística foi a grande alma da sua atuação pastoral e os retiros, os grandes instrumentos de que se servia, na continuação das visitas pastorais, para, em variados pontos da Diocese,  oferecer aos fiéis o alimento de que eles precisavam.

Soube, desde a primeira hora, identificar bem quem tinha capacidade de colaborar neste ambicioso projeto pastoral diocesano. E foram muitos esses colaboradores espalhados por toda a Diocese.

A Liga dos Servos de Jesus deu a necessária consistência às boas e bem ajustadas intuições pastorais do Sr. D. João.

Sendo assim, podemos falar em convergências na vida pastoral destes dois prelados.

Uma delas foi o sonho de levar a todos o conhecimento e a prática da mensagem cristã.

O Arcebispo santo escolheu como instrumento para tal a publicação do seu Catecismo, cujo uso recomendou a todos os párocos. O Venerável Servo de Deus D. João, com o carisma herdado pela Liga dos Servos de Jesus, empenhou-se em trabalhar para que Jesus reine, no todo da Diocese, como na vida e nos corações de cada um dos fiéis e também na vida da sociedade.

Outra aproximação entre eles foi o propósito de acompanharem as comunidades e seus pastores através das visitas pastorais, com longos tempos passados fora de casa, a percorrer as respetivas Dioceses, ao encontro de todas as  comunidades, incluindo as mais periféricas.

Outra ainda foi a preocupação por alimentar nos fiéis uma espiritualidade centrada nos pontos essenciais da Fé; o que o Arcebispo fez principalmente através do seu  Compêndio de Doutrina Espiritual e o Servo de Deus, através dos retiros e outras iniciativas, principalmente voltados para a vivência do Mistério Eucarístico.

Certamente que a experiência de 5 anos que o Servo de Deus fez integrado na vida e na pastoral da Arquidiocese de Braga e que trouxe consigo para a Diocese da Guarda teve significativa importância no exercício das suas responsabilidades episcopais, até aos anos 60 do século XX, o que podemos considerar mais um ponto de contacto entre os dois prelados.

Em conclusão, precisamos de trazer exemplos de pastores como estes para a nossa ação pastoral na atualidade, porque eles são absolutamente necessários à vitalidade da Igreja e suas comunidades e serviços.

O Arcebispo já foi declarado santo e nós esperamos que, tão breve quanto possível, o mesmo venha a acontecer com o Venerável Servo de Deus D. João de Oliveira Matos, para mais e melhor podermos beneficiar dos seus exemplos e intercessão.

20 de julho de 2024

+Manuel da Rocha Felício, Bispo da Guarda