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Semana Nacional Cáritas – de 16 a 23 de Março

Mensagem de D. José Traquina, presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana

Cáritas – Amor que transforma em tempo de Jubileu 

Na sociedade em que vivemos, emergem diversas situações de pessoas e famílias que necessitam de  respostas de apoio. No desejo de uma sociedade mais justa e melhor, não é suficiente responsabilizar,  por todas as soluções, os que assumem cargos políticos. Como membros da sociedade, podemos e  devemos fazer parte da solução. Além disso, como cristãos, não é apenas um imperativo ético, mas  também uma questão de fidelidade ao Evangelho. Não podemos viver com distanciamento,  desinteresse ou indiferença para com a realidade social a que pertencemos. 

Existem pessoas pobres que, todavia, sentem felicidade na vida porque se amam e respeitam. Em  sentido contrário, a violência entre pessoas em diversos ambientes, incluindo o familiar, é um problema  que tem a vindo a acentuar-se. A violência e a falta de qualidade nos relacionamentos humanos geram  pessoas infelizes e fazem aumentar a pobreza. Os outros não são o inferno. O inferno é a pessoa existir  sem amor por nada nem ninguém, sem nenhuma causa justa que dê sentido à sua vida.  

Relativamente aos jovens, é importante que promovam boas experiências de aplicação da sua  generosidade e cresçam na alegria da promoção do bem comum. É de salientar o interesse de jovens  pela missão da Cáritas e, neste sentido, a ‘Cáritas Jovem’ é já uma realidade em algumas Dioceses.  

“A rede Cáritas é constituída, em Portugal, por vinte Cáritas Diocesanas, unidas na Cáritas Portuguesa, e  inúmeros grupos locais que atuam em proximidade, nas paróquias e comunidades. Tem como missão o  Desenvolvimento Humano Integral e a defesa do Bem-Comum intervindo em ordem à transformação  da sociedade. Através da animação da Pastoral Social fomenta a partilha de bens e a assistência em  situações de calamidade e emergência” 

A ‘Semana Cáritas’ (16 a 23 de março), em contexto de caminhada para a Páscoa e em Ano Santo –  Jubileu 2025, é uma oportunidade para exortar todos a participar na edificação do bem comum da  sociedade através da Cáritas. E é oportunidade também para reconhecer e valorizar o empenho das  muitas centenas de pessoas que se dedicam ao bem do próximo, salientando o ‘fogo’ do Amor-Cáritas  que as anima e mobiliza. 

A Cáritas tem uma identidade que lhe vem do Evangelho. “Jesus chamou os discípulos e disse: tenho  compaixão desta multidão” (Mc 8,2). É necessário alimentar e manter este Amor de compaixão, o fogo  interior que nos motiva e identifica como uma graça, uma vontade que nos supera. Neste sentido, os  profissionais e os voluntários que trabalham na rede Cáritas representam todos os que fazem chegar o  seu donativo económico para aplicar nos diversos projetos de apoio.  

É oportuno salientar o esforço das Cáritas Diocesanas que têm valências de respostas sociais  permanentes com acordos estabelecidos com a Segurança Social, onde os valores dos contratos dos  mesmos são sempre inferiores ao volume das despesas. Todos os anos enfrentam a preocupação com a  subida dos custos de funcionamento. 

A Cáritas Portuguesa funciona também em rede com a Cáritas Internacional. Neste âmbito, na  consciência de que cuidar da ecologia integral também é cuidar dos mais pobres, assumiu a campanha  global TOGETHER WE/JUNTOS com a promoção de iniciativas de defesa da Casa comum, o planeta terra.  Colaborou também com apoio para os refugiados de Cabo Delgado (Moçambique). Também com a  coordenação da Cáritas Internacional, a Cáritas Portuguesa tem estado a contribuir com apoio à  população ucraniana deslocada, por força da guerra, para Polónia, Roménia, Moldávia, República  Checa, Eslováquia, Bulgária e Hungria. 

Os cristãos são chamados a cultivar o amor generoso da caridade e este cuidado vem de longe. Como  nos recordou o Santo Padre, o Papa Francisco, no passado mês de outubro: “É bom lembrar que no  Império Romano muitos pobres, forasteiros e tantos outros descartados encontravam respeito, carinho  e cuidado nos cristãos. Isto explica o raciocínio do imperador apóstata Juliano, que se perguntava  porque é que os cristãos eram tão respeitados e seguidos, e considerava que uma das razões era o seu  empenho na assistência aos pobres e forasteiros, já que o Império os ignorava e desprezava. Para este  imperador, era intolerável que os pobres não recebessem ajuda de sua parte, enquanto os odiados  cristãos «alimentam os seus, e também os nossos». Numa carta, insiste, em particular, na ordem de criar  instituições de caridade para competir com os cristãos e atrair o respeito da sociedade: «Estabelece em  todas as cidades alojamentos numerosos para que os estrangeiros possam gozar da nossa  humanidade» (Dilexit nos 169). 

A Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana reconhece o trabalho desenvolvido e  conta com a rede Cáritas para continuar a promover o conhecimento, a proximidade e o apoio às  situações de carência e emergência. É um testemunho de primordial importância. Assim, neste ano de  Jubileu, tempo especial de graça que nos convida à transformação, fica o apelo à conversão interior, de  modo que a compaixão de Cristo resida no coração de muitos, e o apelo à generosidade em donativos  para que toda a rede Cáritas exerça a sua missão.  

+ José Traquina 

Bispo de Santarém 

Presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana