O Vaticano quer que os católicos do mundo inteiro se voltem a mobilizar para a preparação da segunda sessão do Sínodo dos Bispos, que reúne em Roma em Outubro do próximo ano, e diz que cada diocese católica “é convidada a efectuar uma nova consulta, determinando as modalidades concretas com base no que parece possível no tempo disponível”. Ao mesmo tempo, pede também o envolvimento de peritos e instituições académicas, incluindo oriundos de “ciências humanas e sociais relevantes”, bem como de pobres, cristãos de outras confissões e crentes de outras religiões.
Um documento de quatro páginas, elaborado e distribuído pela Secretaria-Geral do Sínodo nesta terça-feira, 12-12-2023 – e enviado também ao 7MARGENS – pede expressamente às dioceses que promovam “uma reflexão centrada no tema da corresponsabilidade diferenciada na missão de todos os membros do Povo de Deus”. Ou seja, que se debatam as funções específicas e complementares que devem ser atribuídas ao clero, religiosos e leigos, por exemplo.
O texto, que pode ser lido na íntegra na página do Sínodo, acrescenta que as dioceses, além de definirem métodos e calendário, “são convidadas a realizar uma nova consulta que envolva pessoas e grupos (párocos, organismos de participação, equipas sinodais, etc.) que exprimam uma variedade de experiências, competências, carismas, ministérios no seio do Povo de Deus”.
Nesta etapa do processo, o foco deve ser o de “como” crescer enquanto Igreja sinodal, sugere o texto. Neste sentido, também devem ser envolvidos “peritos e instituições académicas presentes em cada território, de modo que o contributo da perícia teológica e canónica, bem como das ciências humanas e sociais relevantes, possa estar presente”, acrescenta a nota.
Pobres e crentes de outras confissões
Com o objectivo de alargar experiências de sinodalidade, o documento sugere que se promovam “novas iniciativas”, com “experiências de formação e escuta que envolvam também aqueles que até agora não foram tocados pelo processo, grupos que vivem em condições de pobreza e marginalidade social, bem como cristãos de diferentes confissões e pessoas de outras religiões”. Os testemunhos dessas boas práticas e do processo de reflexão deve ser enviado à Secretaria do Sínodo através das conferências episcopais – e para o efeito a Secretaria-Geral preparou um formulário disponível na página digital do Sínodo.
O relatório de síntese surgido da primeira assembleia, que decorreu em Outubro último e que está também disponível em linha, é proposto como o “ponto de referência” para os próximos meses e os resultados desse processo de escuta devem ser enviados para o Vaticano até 15 de Maio, sugere o documento.
Alguns dos seus tópicos deverão ser tratados “a nível de toda a Igreja e em colaboração com os Dicastérios da Cúria Romana”, enquanto o Papa determinará alguns temas que serão debatidos por “grupos de peritos de todos os continentes”, também com a participação dos dicastérios da Cúria Romana, num processo coordenado pela Secretaria-Geral do Sínodo.
O documento refere ainda que os membros e participantes desta XVI assembleia geral do Sínodo dos Bispos nomeados pelo Papa deverão ser “embaixadores do caminho realizado e serão chamados a ser verdadeiros pontos de referência para as respectivas realidades eclesiais”.
Esses participantes estiveram em Outubro em Roma e voltarão a estar no próximo ano. No total, há 365 membros da assembleia, entre os quais 54 mulheres, além de 12 “delegados fraternos” de outras Igrejas e comunidades cristãs e oito convidados especiais e colaboradores da Secretaria-Geral do Sínodo. De Portugal, os representantes são o presidente e vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, os bispos José Ornelas (Leiria-Fátima) e Virgílio Antunes (Coimbra).