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“Subiu ao Céu e sentou-Se à direita do Pai”

Em acção de graças pela vida do Senhor Padre José Registo

Neste Domingo em que a Igreja celebra a Ascensão do Senhor, os nossos olhos voltam-se para o Céu, não como quem foge do mundo, mas como quem contempla o lugar para o qual todos somos chamados.

Jesus sobe para o Pai depois de Se ter entregue na cruz, de ter vencido a morte e de Se ter manifestado como o Ressuscitado a todos nós, seus discípulos. E fá-lo levando consigo a nossa humanidade — ferida, redimida e agora glorificada. É neste dia, carregado de promessa e plenitude, que nos reunimos para celebrar as exéquias do Senhor Padre José Registo.

E parece haver uma consonância entre este mistério da fé e a sua vida.

Como Cristo, também ele se entregou, também ele permaneceu entre nós com fidelidade, também ele — agora — regressa ao Pai.

A sua vida sacerdotal foi longa e profundamente enraizada na comunidade: de 1976 a 2022, o Colmeal da Torre foi casa, terra e missão. Mais do que uma permanência geográfica, foi uma entrega feita de dias inteiros, de noites discretas, de visitas silenciosas, de gestos pequenos que, juntos, construíram a memória viva de um bom pastor. Mas foi, sobretudo, entre os irmãos sacerdotes que o Senhor Padre Registo deixou uma marca singular. Discreto, sempre pronto a ajudar, substituía colegas, acolhia pedidos, colaborava sem impor condições. Nunca fazia alarde de si mesmo, nem reclamava protagonismo. Era simplesmente presença amiga. Quantas vezes foi ele quem acorreu a situações inesperadas. Quantas vezes foi ele quem escutou, quem serviu, quem esteve.

Ao recordarmos a frase que o Papa Bento XVI escolheu na hora da sua eleição— “um simples e humilde trabalhador da vinha do Senhor” —, lembramo-nos com particular ternura de como o Senhor Padre Registo estimava profundamente estas palavras. Repetia-as com humildade, deixando entrever nelas o modo como entendia o seu ministério: não como mérito, mas como dom; não como conquista, mas como entrega.

Não serviu para ser útil. Serviu porque amava. E é essa gratuidade que hoje nos edifica. Neste primeiro dia de junho, em que quase concluído o tempo da Páscoa entramos agora na semana que nos conduz ao Pentecostes — nos preparamos para a Solenidade do Corpo de Deus — e em que iniciamos também o mês dedicado ao Coração de Jesus.

Talvez seja essa a última imagem que queremos guardar: a de um sacerdote que se deixou moldar pelo Coração de Cristo. Que amou a Igreja. Que serviu com generosidade. Que viveu da Eucaristia.

 

Hoje, a Igreja dá graças.

Pela sua fidelidade.

Pela sua bondade.

Pela sua entrega silenciosa.Pedimos a Deus que o receba na glória e que lhe conceda a recompensa prometida aos

servos fiéis.

Obrigado, Senhor Padre Registo.

Pelo bem sem ruído.

Pela amizade sem medida.

Pela fé sem hesitação.

Na paz de Cristo,

 

até ao Céu.

 

P João Marçalo

 

Fotografia: Municipio de Belmonte