A terceira etapa da viagem apostólica do Papa Francisco ao Oriente foi o país de Timor Leste.
Chegou no dia 9 de setembro, ao fim da tarde e despediu-se no dia 11, às 13H00.
Ao encontrar-se com o Presidente da República, Primeiro Ministro e outros membros do Governo e representantes da sociedade civil, pediu que as suas opções e projetos se deixem inspirar pela Fé e lembrou como o apoio da Fé e da Igreja Católica foi decisivo para todo o processo que levou àindependência do país em 2002. Disse-lhes em português: “Que a vossa Fé seja a vossa cultura”.
Entre os novos desafios que se colocam a este povo jovem no tempo de país independente, mas também no conjunto da sua população, 65% da qual tem menos de 30 anos, lembrou o combate á pobreza, sobretudo no mundo rural e a necessidade de cuidar a educação. Acrescentou que a Doutrina Social da Igreja pode oferecer os fundamentos de uma verdadeira educação, que conduza ao desenvolvimento integral.
Francisco é o segundo Papa a visitar Timor Leste. O primeiro foi S. João Paulo II, em 1989, quando Timor ainda era província da Indonésia.
O momento central desta visita apostólica foi a Eucaristia celebrada numa espaçosa praça de Dili, com a participação de 70 mil pessoas. A Liturgia da Palavra foi conduzida na língua mais falada pelo comum da população, com tradução simultânea. A Liturgia Eucarística foi em português, a língua oficial de Timor Leste.
A Igreja em Timor Leste está organizada em três Dioceses, a saber, Dili (Arquidiocese), Baucau e Maliana. Tem Conferência Episcopal própria desde 2012, a qual, neste momento, é presidida pelo Bispo de Maliana, D. Norberto do Amaral, sendo vice-presidente o Cardeal Arcebispo de Dili, D. Virgílio do Carmo Silva, salesiano e secretário o Bispo de Baucau, D. Leandro.
Estas três Dioceses têm ao seu serviço 140 sacerdotes diocesanos e 207 religiosos. Os candidatos ao sacerdócio são, nas três dioceses, 461 seminaristas menores e 614 seminaristas maiores.
A evangelização de Timor Leste começou no séc. XVI, com a chegada dos portugueses.
Atualmente Timor Leste é considerado o segundo país do mundo com maior percentagem de população católica (95%), sendo as Filipinas o primeiro (98%).
A Constituição de Timor Leste, aprovada em 2002, garante plena liberdade religiosa e diz que, na perspetiva cultural e humana, a Igreja Católica em Timor Leste sempre tem sido capaz de assumir com dignidade o sofrimento de todo o povo timorense e de se posicionar a seu lado, para defender os direito fundamentais dos cidadãos. E acrescenta, no artº 11º: “O Estado reconhece e aprecia a participação da Igreja Católica no processo de libertação nacional de Timor Leste”.
Timor Leste tem relações diplomáticas com a Santa Sé desde a sua independência, em 2002 e também tem uma Concorda assinada entre o respetivo Governo e a Santa Sé, em 2015.
Nas suas intervenções, o Papa referiu que Timor está nos confins da terra e nas periferias do mundo, mas no centro do Evangelho.
Aos sacerdotes, religiosos e outros agentes pastorais, na Catedral da Imaculada Conceição de Dili, disse-lhes que anunciar Jesus Cristo significa servir os pobres, mas também vigiando cada um sobre si mesmo, pois a mediocridade e a tibieza espiritual estão sempre à espreita.
O ato final desta visita foi o encontro com jovens timorenses, antes mesmo da partida para Singapura. Nele participaram 3 mil.
No seu jeito sempre muito inter-ativo de comunicar, com perguntas e esperando respostas, recomendou-lhes liberdade, compromisso e fraternidade. Sendo eles herdeiros de uma grande história, lembrou-lhes a responsabilidade de prepararem convenientemente o futuro deste país, ainda jovem na sua independência.
E despediu-se com a bênção final dada em português.
11 de setembro de 2024
+Manuel da Rocha Felício, Bispo da Guarda
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fotografia: euronews